pensamentos livres

Pequena morte

Negros frutos

amas os frutos silvestres
com os uivos silenciosos dos teus olhos
dás-te a provar aos espinhos
para nas conchas das tuas mãos
trazeres o doce do teu breve coração

Das vozes silenciosas

que passos tão leves
pisam a tua vida
fazes um gesto
e a noite deixa-te na transparência

Arquitectura tradicional: casas tradicionais da aldeia do Rosmaninhal

A aldeia do Rosmaninhal situa-se no extenso concelho de Idanha-a-Nova, mais propriamente a SE da Sede de Concelho. Trata-se da aldeia mais meridional do concelho. Tal como referiu Orlando Ribeiro, o Alentejo deveria começar no Ponsul, pois esta aldeia insere-se numa zona de ténues cabeços xistosos, com uma vegetação predominantemente dominada pela azinheira. Árvore tipicamente de estio, adaptada às securas mediterrâneas. Este clima favoreceu, tal como no Alentejo, a cultura de cereais de sequeiro. O trigo foi, essencialmente, o grande senhor dos campos. Gerando, do mesmo modo, estas aldeias compactas, dominadas por alguns lavradores mais abastados. O tipo de povoamento revela-nos esta associação com o cultivo de cereiais em regime de afolhamento e os antigos usos comunitários.
A arquitectura tradicional é pobre, maioritariamente de trabalhadores assalariados, que até aos anos 70, viviam praticamente nos arraiais agricolas. Deste modo, a casa tradicional do Rosmaninhal, constitui, em si mesma, um importante testemunho histórico, economico, social, e cultural de toda uma vivência mediatizada pelo trabalho agricola assalariado. Trata-se, no geral, de uma casa tipicamente do Sul, embora possuindo um andar sobrado, como a casa do Norte, este destina-se, como no Sul, exclusivamente à habitação: os pisos inferiores (térreos) já não se destinam ao abrigo dos gados, que são recolhidos em palheiros afastados das casas. A generalidade não possuiu alpendre, nem varanda. Trata-se de uma casa tipicamente do Sul, com interiores caiados, com um ar fresco e limpo, configuradas em amplas ruas que nas manhãs e entardeceres de Verão, se enchem de mulheres enlutadas, sentadas em rudes cadeiras baixas, a costurar e a remendar as cansadas roupas do labor da terra.

Feminino

"O eterno feminino, são as ultimas palavras de Goethe, no segundo Fausto, para designar a atracção que guia o desejo do homem em direcção à transcendência " in Dicionário dos Simbolos, Jean Chevalier e Alain Gheerbrant.

Monsanto

Os granitos sussurram palavrões debaixo do fornilho deste sol. Monsanto ao fundo. Erguido. Majestoso. Reinante. Perante os subditos sobreiros, que se contorcem em multiplas expressões antropomorficas. Pequenas hortas verdejantes saboreiam alguma frescura aos seus pés. Mas Monsanto, tal como Fernando Namora o decifrou, é muito mais do que aquele ridiculo galo. Monsanto é o eterno lugar dos altivos ninhos cinzentos dos homens de pedra.

Fotobiografias

olho para a fotografia. Trata-se de uma imagem assustadoramente feliz. Ali, no mais interminável dos mundos. Está assente em cima de um móvel castanho. Junto, uma imagem de uma Santa. Sei que a casa há muito que está vazia. Deixou de respirar. Morreu. No entanto, a imagem da fotografia continua a sorrir, soltando gargalhadas intermitentes, cachinadas, risadas, até que de repente se lembra do desmedido mundo do seu sorriso: o-mundo-do-papel-de-fotografia-a-preto-e-branco.

Arquitectura tradicional: abrigos pastoris

Rosmaninhal, abrigo pastoril (Construção em xisto, de planta circular, em falsa cupula; têm anexado um pequeno curral).
Estas construções primitivas circulares estão, em geral, relacionadas com a prática do pastoreio extensivo. Outrora abrigos permanentes ou temporários dos pastores. São um magnifico exemplo de humanização da paisagem; um extraordinário exemplo de adaptação arquitectónica ao meio natural, de tal modo que, em inúmeros casos, passam totalmente despercebidos; um testemunho por excelência das primitivas vivências humanas.

Interior do abrigo.

Rosmaninhal, abrigo pastoril (vários angulos).