aconteceu durante esta semana o bodo de Monfortinho. para além de se assumir enquanto uma festa transfronteiriça, congrega elementos e especificidades identitários notáveis: práticas alimentares, dádivas, redistribuição alimentar, manjares cerimoniais, repertórios, saberes, sagrado...
domingo, abril 30, 2017
em homenagem ao meu pai, um grandíssimo marco no colectivismo local, pois foi treinador de futebol, bombeiro voluntário, participou enquanto tocador de viola no rancho de idanha-a-nova, fadista e animador de tantas e tantas festas de amigos. embora a ingratidão faça parte de um certo "estar" de um conjunto de estratégias de status local continuo a pensar que toda esta entrega e dedicação de uma vida ao colectivo valeu deveras a pena.
terça-feira, abril 25, 2017
domingo, abril 23, 2017
sábado, abril 22, 2017
"objectos feridos". 2017
os objectos de museus locais, inseridos em pequenos projectos etnográficos, condensam riquíssimas tramas de discursos colectivos e individuais, formas de apropriação, linguagens técnicas, percursos de uso, funcionalidades. tudo isto torna-se ainda mais urgente reter neste mundo cada vez mais consumista, onde a noção de fora de uso ganha contornos absolutamente incríveis e imediatos. contrariando um universo de práticas e saberes associados a estes objectos ditos etnográficos. neste sentido, o mundo da reparação e seus intervenientes assume um papel enigmático e social nestas sociedades consumistas, pois encontrar um objecto reparado para voltar a uso é quase impossível, tal como os seus especialistas. contrapondo os universos das operacionalidades e saberes que ainda se reproduzem em continentes como Africa. portanto, através das práticas da reparação podemos construir itinerários, discursos e imaginários extremamente férteis para os eixos de acção destes pequenos museus locais. linguagens artisticas onde a criatividade se assume como um contraponto aos nexos do consumo imediato, contrariando essas lógicas absolutas e centralizadas de "objectos moribundos"...
sexta-feira, abril 21, 2017
quarta-feira, abril 19, 2017
"l'extase"
a vida só pode ser essa tempestade que está sempre por chegar, essa dor, essa fusilagem de solidão imensa, essa ráfia de tudo, esse decreto constante da desgraça, esse entesouramento do peso do mundo na alma. o despertar de um conjunto de verdades ilusórias é um grito, repertórios desses intelectos mimados, essa prolixa espécie de românticos e romantismos encantados e encantatórios...
ARQUITECTURAS POPULARES DO CONCELHO DE IDANHA
recentemente e quase ao acaso, não fosse a ajuda de um pastor local, tive a oportunidade de registar este notável conjunto de arquitectura popular denominado na zona de furdões (criação de porcos), construído em xisto (pedra seca) e com cobertura vegetal e terra , o que permite uma impermeabilização ecologicamente eficaz. são construções com especificidades locais, próximas dos abrigos pastoris em falsa cúpula. pela sua importância histórica e cultural no significado de um território/paisagem humanizado, pelas suas ancestrais técnicas de construção, estes conjuntos merecem ser observados e valorizados no âmbito dos agro-ecosistemas locais e porque não inventariados enquanto património da humanidade...
terça-feira, abril 18, 2017
domingo, abril 16, 2017
UM DIA "IDANHENSE" OU O DIA DA IDANHA...
aconteceu hoje à tarde no CCR a inauguração da exposição documental "Club União Idanhense - a união faz a força - 100 anos". é sem dúvida um dia enorme para a vila de Idanha, para além da celebração do centenário desta colectividade idanhense, é sábado de aleluia. sobre este projecto expositivo, inteiramente local (esboçado a partir das equipas do CCR em colaboração com a direcção do C.U.I), é urgente conhecer, pois estamos perante um ambicioso projecto de salvaguarda do património documental desta instituição centenária.
quinta-feira, abril 13, 2017
"Cada região olha com orgulho para as suas tradições e até há quem as queira elevar a Património Cultural da Humanidade da UNESCO. É o caso do desertificado concelho de Idanha-a-Nova - que guarda Monsanto, a aldeia mais antiga de Portugal - que prepara a candidatura da representação cénica de Maria Madalena. E qual é o segredo de Idanha? "É tudo feito pelo povo, ninguém ensaia nada."
Diário de noticias, 13 Abril de 2017
li esta noticia com o seguinte titulo "quantas páscoas há neste país? um retrato da tradição de norte a sul", mas nesta noticia da eventual diversidade ritual que o país sugere, apenas se realçam os mais mediáticos do momento, muitas outras "páscoas" são silenciadas em termos de "comunicação mediática", as comunidades participam nas cerimónias colectivas do calendário litúrgico como sempre o fizeram, se eventualmente chega alguém desconhecido, logo iniciam alguma explicação que se desmultiplica numa curiosa e viva conversa sobre a sua terra. percebemos logo que não há necessidade de recorrer aos interpretes oficiais das "textualizações" patrimoniais. existe, na minha opinião, um enorme paradoxo no meio destas lógicas patrimoniais "mediáticas", sugerem-se comunidades, grupos, "povo", mas raramente são eles a apresentarem-se perante o universo dos ouvintes da comunicação social, existem sempre os denominados "representantes oficiais da tradição", com tudo preparado e organizado (ensaiado). como se costuma dizer "o povo é falado mais do que fala".
terça-feira, abril 11, 2017
segunda-feira, abril 10, 2017
domingo, abril 09, 2017
IV CURSO LIVRE DE RELIGIOSIDADE POPULAR
aconteceu ontem na vila de Idanha (fórum cultural) a 4ª edição deste Curso. para além dos painéis com notáveis investigadores, realizou-se uma interessante mesa redonda com o fadista Carlos do Carmo, Prof. Rui Vieira Nery, Dr. Paulo Lima e Presidente Armindo Jacinto (moderador Eddy Chambino), cujo a temática foi a salvaguarda do património imaterial. a encerrar o grupo Coro da Câmara de Lisboa Cantat.
sábado, abril 08, 2017
as laranjeiras estão floridas e da solene noite que as envolve só resta uma máquina ou uma vontade de máquina quase doentia que se perfura a ela mesma nos olhos inchados de tantos fuzilamentos-flashes. adiamos os repousos dos nossos sonhos nos fundos das águas claras da primavera. adiamos as vigílias ao luar nos ermos sombrios dos vértices das ruínas das casas de granito. adiamos aqueles passeios por cima da frescura das ervas. hoje mesmo quando passei pela rua ouvi por lá os nossos risos deslumbrados e quase chorei quando a sombra das nossas mãos se flagelava contra os mesmos pregos de todas as crucificações. e lá iam os cosmonautas-sacerdotes debaixo dos pálios-nave de mãos carnudas bem à mostra. lá iam também todos os notáveis dos primeiros lugares, felizes e contentes com as suas verdades. uma gente apareceu de rompante e gritava quase agonizante - vêm ai os apóstolos de Cristo.