quinta-feira, outubro 12, 2006

Os muros: um patrimonio esquecido



Muro de granito e algum quartzo.

quarta-feira, outubro 11, 2006

dia de feira



"Dia de feira, dia de negocios".

A feira está fraca, diz um homem com uma bacia de plástico debaixo do braço. mais à frente três homens almoçam. discutem preços. reparo num prato de pimentos. aproximo-me e pergunto se são pimentos. respondem: são pimentos conservados em vinagre e são bons para fazer levantar o pau, quer experimentar?

Amendoeira: a arvore da luz



A amendoeira, segundo a tradição judaica, simboliza a luz, é pela base de uma amendoeira que se penetra na cidade misteriosa de Luz, que é uma morada de imortalidade. É ao mesmo tempo o nome da cidade perto da qual Jacob teve a sua visão, e a que ele chamou Bethel, ou Casa de Deus. Curiosamente o simbolismo da amêndoa é feminino e o da amendoeira masculino. Na Grecia antiga a amêndoa esmagada era comparada à ejaculação fálica de Zeus, enquanto potência criadora. Pausânias conta que, no decurso de um sonho, Zeus derramou algumas gotas de sémen, que cairam sobre a Terra, daí surgindo um ser hermafrodita, Agdístis, que Dioniso mandou castrar. Dos genitais caídos na terra brotou uma amendoeira. Um fruto desta árvore engravidou a filha do deus-rio, Sangário, que tinha colocado uma amêndoa sobre o seu seio. O seu simbolismo fálico distingue-se pelo facto da sua fecundidade poder dar-se independentemente da união sexual. Na Europa, segundo uma crença antiga, a jovem que adormecer debaixo da amendoeira e sonhar com o seu namorado pode acordar grávida.

terça-feira, outubro 10, 2006

Arquitectura tradicional: palheiro aberto de arrumos






Beira alta.Vale de Afonsinho. Palheiro aberto para arrumos.

É costume encontrar-se este tipo de estruturas com telhado de uma água por toda a Beira Alta. Trata-se de um anexo que é frequentemente utilizado para guardar lenhas, alfaias agricolas, etc.

Arquitectura tradicional: palheiro aberto de arrumos


Beira Alta. Vale de Afonsinho. Palheiro aberto de arrumos.

quinta-feira, outubro 05, 2006

A figueira: arvore da abundancia e da fertilidade




A figueira, tal como a oliveira e a videira, é uma das arvores que simbolizam a abundância. Todavia, quando seca, torna-se uma arvore má. A figueira simboliza a ciência religiosa. No egipto tinha um sentido iniciático. Os eremitas gostavam de alimentar-se de figos. A figueira aparece no velho e no novo testamento, no primeiro, em Genesis (3, 7), Adão e Eva, ao tomarem consciencia da sua nudeza, taparam os genitais com folhas de figueira. No Novo Testamento, Jesus amaldiço-a (Mateus, 21, Marcos, 2, 12s). Jesus dirige-se à figueira, isto é, à ciência que ela representa. Na Ásia Oriental (Upanixades e Bhagavad Gita) a figueira é a árvore do mundo, é a arvore que une o céu e a terra. Simboliza também a imortalidade e o conhecimento superior, era a árvore favorita de Buda, este gostava de se sentar debaixo dela e ensinar os seus discipulos. É a árvore sagrada das tradições indo-mediterrânicas, é associada a ritos de fecundidade. Na África Negra, entre os Kotokos do Chade, podar uma figueira yagalé provocaria a esterilidade. A mulher Kotoko, faz um talho na casca desta figueira e retira-lhe o leite. É igualmente sagrada para muitos povos bantos da África Central. Por cá (Beira Baixa) diz-se que a figueira é uma má arvoré, evita-se a sua sombra, no entanto, as suas folhas, como as de couve, eram utilizadas para embrulhar os queijos. A etnografia está repleta de adágios referentes a figueiras.

O figo: fruto feminino

Os muros: um patrimonio esquecido



Muros de xisto, Rosmaninhal

Podemos dizer que todo o território português está alinhavado com todo o tipo de muros. Os tipos de pedra que mais se utiliza, ou utilizava, na árdua tarefa da construção de muros, são os granitos, os xistos e os calcários. Os muros assinalam, marcam, diferenciam, protegem, limitam, no geral, a propriedade privada. Aqui temos toda a história agrária da individualização da propriedade. Quanto aos aspectos tecnicos ou ao seu"saber-fazer" (savoir-faire), destacam-se as tecnicas de construção utilizadas, a funcionalidade, o saber tradicional/saber tecnico, os instrumentos/ferramentas e toda a nomenclatura que lhe está associada.

terça-feira, outubro 03, 2006

arquitectura tradicional: abrigo ou queijeira



Monsanto, "Tenda".

O território do concelho de Idanha-a-Nova comporta inumeras destas estruturas circulares, com a cobertura em falsa cupula. A população denomina-os de tenda, bufio, chafurdão, etc. Importa aqui realçar os primordios desta tecnica de construção, que segundo inumeros autores, tem a sua origem no Neolitico. Aparecendo em vivendas do Mediterraneo oriental e em sepulturas megaliticas da Europa ocidental. Desta forma, estas construções em falsa cupula, na Europa ocidental, aparecem ligadas a um importante fenomeno cultural: o megalitismo, que se revela fundamentalmente nas construções de grandes sepulturas colectivas desde finais do V milenio.
Este importante exemplar, a que o povo chama de tenda, foi, outrora, uma possivel antiga queijeira, pois tem no seu espaço interior, a cerca de 1 metro do piso, pedras salientes que fazem lembrar apoios para colocar um genero de uma estrutura, sobre a qual acentaria a palha de centeio e depois os queijos por cima desta. Pois esta industria tradicional dos queijos de ovelha e de cabra tinham o seu centro operacional junto dos territórios de pastagem.

Arquitectura tradicional: casa tradicional de campo



Esta casa fica situada no cerne dos territórios de pastoreio da aldeia do Rosmaninhal. Trata-se de uma casa baixa, caiada, tipicamente do sul. Neste tipo de casas residem, essencialmente, pastores e suas familias. É usual encontrarem-se casas deste genero pelos territórios circundantes à aldeia.

sexta-feira, setembro 29, 2006

os poetas, o mar e cidade


o victor ofereceu este poema ao mundo...


a madrugada era a cidade branca. a cidade e a sua vaidade. o mar e a entrega à luminosidade menor. chegam os amigos açorianos e o sotaque. as promessas das viagens de um dia. depois a estrelinha sorriu e o sol iluminou-lhe de uma só vez todo o sorriso. subimos as escadas e havia uma taberna com homens que recordavam o poeta. tocava uma gaita de foles. tive um sonho de um segundo. depois os homens vieram com as estórias sobre o poeta. vieram as cervejas e o mar para dentro da taberna. a noite e as palavras outrora acesas. outra vez aqueles sorrisos. outra vez aqueles marinheiros e aqueles poetas. o armando é o dono do leme e leva-nos para uma traineira azul clara. o mar parece chumbo e agita-se como uma velha serpente. a traineira só começou a andar com o mestre joão e o poeta marinheiro victor. o dia rompia e nós sentados como deuses do mar esperavamos pelos cozinhados do armando. o mestre joão foi ao fundo mar e trouxe-nos velhas estórias e uma bela feijoada. depois as estrelas levaram a estrelinha por momentos. nós os naufragos da realidade continuamos à espera dos sonhos da estrelinha. bebemos o mundo e prometemos desarmar a morte com esta maneira simples de viver.
ao mestre joão dedico o mar e as estórias. ao armando que navegou ao lado do poeta e o trouxe de volta para esta viagem, aleluia. ao victor, o poeta da traineira azul, dedico a eternidade do vinho.

frutos femininos


A romã é um simbolo de fecundidade, na Grecia antiga, por exemplo, é um atributo de Hera e de afrodite; em Roma, o toucado das noivas era feito de ramos de romãzeira. Na Ásia, a imagem da romã aberta serve como expressão dos desejos, quando não designa expressamente a vulva. No Gabão simboliza a fecundidade maternal; na India, as mulheres bebiam o sumo de romã para combater a esterilidade. O bago da romã, na Grecia antiga estava relacionado com o pecado e condena aos infernos, é um simbolo de doçuras maléficas. A confirmar algumas destas reminiscências pagãs relacionadas com o simbolismo da romã, está o costume, hoje em desuso, de se comer uma romã por altura dos Reis, guardando-se obrigatóriamente a "coroa" (parte da casca) todo o ano. Era costume ter-se o máximo de cuidado ao comer para não deixar cair nenhum bago no chão, pois dava azar para o resto do ano. Estes fragmentos sobrepostos à contínua memória dos tempos continuam tenuamente a revelar-se tanto nos inumeros gestos quotidianos como nos momentos ritualisticos.

Pregar o silencio



como se fossemos pedras crepusculares
enrugavamos imóveis e eternos
sob a sabedoria do tacto lunar

Novas sonoridades



Aldeia da Torre.

segunda-feira, setembro 25, 2006

outra vez os caminhos




Aqui as palavras afundam-se
apenas as profundidades leves
vão passando passando

quarta-feira, setembro 20, 2006

crepusculo



a brisa ficou mais fria. as pedras acordaram e as quietas árvores começaram a murmurar velhos alfabetos. percorreu-te o hálito da cinza das recordações. eras um duende e tomavas banho naquele rio verde. sabias de todas as profundidades até mesmo as da carne. e quando regressavas a casa na hora do crepúsculo os teus olhos iluminavam-te. sabias que havia uma casa acesa.

Lumes




"falta ao nosso desejo musica sábia"
A. Rimbaud

segunda-feira, setembro 18, 2006

Taberna da Ti Maria



Alpedrinha, taberna da Ti Maria

Entrei na taberna e pedi à senhora se podia tirar uma fotografia, a resposta foi a seguinte: "Ande tire, tanta gente que vêm aqui a tirar!! Entretanto tres amigos que tinham entrado pela mesma razão - Isto é que é uma taberna antiga - exclamou um dos amigos. Concordei e começei a dispar fotografias ao mesmo tempo que admirava fascinado este fabuloso espaço. Depois de algumas palavras com estes amigos do Tortosendo e da oferta de duas "bebidas" (uma para mim outra para a estrelinha) a Ti Maria resumia em poucas palavras a sua vida atrás deste milenar balcão: "Já aqui estou há muitos". Ao mesmo tempo, olhava para os objectos carregados de memórias e revia toda a taberna lembrando-me daquele lugar mágico onde as sociabilidades de uma aldeia se definem ou se cozinham. Já agora, o que é feito das tabernas e dos taberneiros(as)??? porque deixam morrer estes espaços carregados de memórias?? é, de facto, uma pena, até porque nos outros paises estes espaços tradicionais são amplamente aproveitados para divulgação da cultura local. Será que em Portugal estes espaços ainda são vistos sob o velho estigma do "atrasado"? e daí se queira modernizar o pais uniformizando tudo??? há quem diga "higienizar" o pais...
Um abraço para os tres mosqueteiros do Tortosendo...

Taberna da Ti Maria


Alpedrinha, taberna da Ti Maria

domingo, setembro 17, 2006

Arquitectura tradicional: casas tradicionais de Alcafozes






A aldeia de Alcafozes fica situada a cerca de 13 Km de Idanha-a-Nova, encontra-se numa zona de xistos, embora devido à sua relativa proximidade com areas de granito, as casas da aldeia são, na sua maoiria, construidas com estes dois materiais que as areas envolventes oferecem. Em geral, o granito aparece nas guarnições das janelas e das portas, que tradicionalmente se caia de branco. Trata-se de uma aldeia onde a casa tradicional varia entre a dita casa do sul e a do norte. Pois podemos observar alguma variedade de casas baixas, sem janelas, com uma pequena porta com postigo e casas de andar sobrado com uma janela, algumas possuem uma pequena varanda de madeira. Aqui, como na grande maioria das tradicionais casas do sul, os animais são submetidos para fora da aldeia, para os denominados palheiros.