(monsters brains)
"crêm as parturientes de classe popular, que, dentro da cavidade uterina, e juntamente ao feto, se geram bichos de várias formas e feitios, capazes de lhes roerem as entranhas. affirmam ainda as mulheres do povo, com toda a sua primitiva ingenuidade, que estes bichos se assimelham, exactamente, a ratos toupeiros, sapos, etc., e saem às vezes do corpo ainda vivos, começando a andar no meio da casa. até succede - é crença popular que já tenho ouvido referir a algumas pessoas - sairem os mencionados bichos a correr como coriscos, indo esconder-se por detraz de qualquer movel! as parteiras d'aqui (...) recommendam (...) às suas clientes que bebam quanto aguardente puderem, para, mercê da ingestão do espirituoso liquido, matarem os bichos que já existam no utero ou por ventura ali venham a desenvolver-se. a aguardente (...) tem a singular virtude de anniquilar o bichop, perservando o feto! (...) como consequencia fatal de similhante pratica, não raro se produzem casos de aborto (...)aquilo que às pessoas do povo se afigura ser um bicho, não passa, evidentemente, d'uma simples mola, quando não é apenas um feto pouco desenvolvido"
(In a tradição, p. 23)