(lunarfossil)
falamos tantas e tantas vezes de patrimónios, a partir de tantas e tantas vozes e de tantos e tantos lugares, na perspectiva de os preservar, admirar, usufruir, valorizar e no entanto cada vez mais me convenço desta máxima "como se pode dar resposta a tudo isto sem um vinculo emotivo, apaixonado dos ditos patrimónios, um simples elo de ligação estrutural com as coisas que aprendemos a amar, essa participação social...". Sem isto, pensemos nas dimensões de poder, agencialidade, interlocutores oficiais/oficializados/legitimados/empresários/lucros....e será isto o mais importante em termos do que se pretende para o futuro?
a proposito recordo-me do discurso de José Saramago quando recebeu o Nobel da literatura, soletrando as emotivas palavras de reconhecimento do avô que se foi despedir de cada árvore do seu quintal quando ia ser internado no hospital...
inevitavelmente participam também todas as minhas experiências junto de pessoas que conhecem tão bem o lugar onde vivem, participam de/em tudo com a vida em comunidade, as suas fontes, as suas árvores, as suas pedras, os seus caminhos e tudo é dito de forma tão profunda...tão diferente dos olhares que apenas brilham os seus egos, as suas próprias mais valias, os seus próprios futuros particulares e particularizados. daí ser tão simples às empresas madeireiras e a essas obscuras manipulações destruir uma floresta, um muro, uma cabana pastoril, uma fonte, um velho caminho...