segunda-feira, janeiro 29, 2007

Biblioteca itinerante da Gulbenkian




A carrinha chegava ao meio da tarde. Subia a rua inclinada na direcção da Guarita. Ali, abria as portas ao mundo dos livros para a aldeia. A entrada naquele mundo novo dos livros era feita pela porta traseira. Lá dentro estava um homem com umas botas diferentes. Tinha um salto numa das botas e na outra não. Aquelas botas marcavam uma cadência dentro daquele mundo. Tudo era diferente, até este homem parecia ter saído desse mundo misterioso dos livros. Havia outra personagem, este era rude, alto, demasiado alto. Costumava alertar num tom de voz severo para o cuidado a ter no manuseio dos livros. Era frequente aparecerem livros manchados com nodoas de azeite, rasgados, riscados, etc. Pois o universo dos livros conviviam com alguma proximidade com o universo das tarefas domésticas. Na maioria dos casos em casas de pessoas analfabetas. Aqui, o livro servia para tudo menos para ser lido. Era o fascinio das gravuras, das letras gordas, das cores de mundos tão distantes que aquela "carrinha dos livros" trazia à monotonia da aldeia. A entrega dos livros era sempre um momento delicado, aquela voz severa, ecoava do mais alto para repreender alguma desatenção com o livro. Enfim, restam as memórias destes livros que não eram livros, destes mundos que não eram mundos, mas que a aldeia gosta de recordar.

quinta-feira, janeiro 25, 2007

Arquitectura tradicional: anexos de animais


Quintã de Pêro Martins, Figueira de Castelo Rodrigo

A arquitectura tradicional da Beira Alta comporta com frequência estes anexos destinados aos animais de criação. Neste caso, por cima são galinheiros e por baixo uma pequena furda, destinada ao porco. Estes importantes testemunhos duma economia doméstica rural estão completamente esquecidos.

sexta-feira, janeiro 19, 2007

Testemunho da moagem idanhense


Idanha-a-Nova, mó de granito gravada.

Esta mó, para além de ser um fabuloso testemunho dos tempos áureos da moagem na vila de Idanha-a-Nova, documenta ainda a particularidade de estar datata e simbólicamente protegida pela cruz de Cristo. O tão importante ciclo do "pão nosso de cada dia", fruto de árduas e longas jornadas de trabalho.