num destes dias fantasmais de delirios nevoeirentos, tão caracteristicos da vila d'idanha, dei comigo a beber uma cervejola e a trocar uma amena e interessante conversa com um amigo que é professor numa escola do distrito. deixando de lado tantas gargalhadas que demos e que se misturaram com atrevidos palavrões e com memórias de um tempo em que a escola era tudo menos uma escola, mas era sobretudo a nossa escola...independentemente da falta de pedagogia, etc, etc.. foi a nossa escola, a escola do nosso imaginário. ufa...vamos então ao que verdadeiramente interessa aqui discutir... ou melhor refletir.
Humanidades... isso não serve para nada!! (foi a partir desta frase que confrontamos um pertinente diálogo) afinal, quais são as saídas profissionais para a área das Humanidades nas escolas? que aplicação têm ao longo de uma vida?
trata-se sem dúvida de um conjunto de questões que requerem alguma reflexão mais cuidada e nesse sentido começei por trazer à luz um conjunto de discursos politicos e sociais sobre o papel das tecnologias e dos engenheiros na sociedade de "todos os sucessos", essa sociedade minada de progresso e de desenvolvimento, onde a globalização liberal tudo traduz em dinheiro. daí as milhares e milhares de pessoas diabólicamente enfeitiçadas pelo consumo, pelas lógicas dos "up-dates", inovar é progredir..no lado oposto destes slogans viciantes estão as Humanidades e as suas linguagens de entendimento do mundo: filosofia, história, antropologia, literatura, etc... pois ciência nada mais é que uma das muitas linguagens de entendimento do mundo. daí que seja urgente tornar a introduzir nas escolas estas multiplas e fascinantes leituras do mundo, para que surjam poetas, pintores, escritores, musicos, etc, etc...pois um mundo que se reduz a dinheiro é um mundo amorfo, sem encanto. também valeria a pena, à luz do que se fez numa outra época (escolas industriais), tornar a introduzir nos quadros das escolas publicas, lado a lado com outros professores, os saber-fazer dos grandes mestres das muitas profissões hoje quase extintas. aliás, é isso que consta nas grandes linhas programáticas da UNESCO para com a preservação do património imaterial.