Monsanto (Idanha-a-Nova), capela de S. Pedro de Vir a Corça, 2011.
"Mas em nenhum outro lugar desta região raiana é mais evidente e forte esse sentimento que num pequeno e isolado local situado a poente do cabeço de Monsanto - S. Pedro de Vir a Corça. Nesse sítio, onde a proximidade do cabeço granítico adensa a vegetação num bosque de sobreirais e de altas giestas e estevas num sabor de fresco oásis, ergue-se uma pequena capela românica de invocação a S. Pedro de Vir a Corça. A sua situação no sopé do cabeço de Monsanto que, deste lado do poente, se ergue em toda a sua pujante e esmagadora presença (fortemente traduzida pela sensação de equilibrio instável que se desprende do amontoado caótico dos enormes blocos que, ao longo do tempo, a erosão foi modelando e acumulando), torna mais definido e forte esse sentimento quase pagão misto de paz, de tranquilidade e de temor. Nele perdura, dum modo diríamos que palpável, o espirito do lugar, o genius loci, que conferiu a este lugar a particularidade de Santuário, pois aí se respira ainda hoje, muito densamente, esse sentimento do Sagrado"
Adelaide Salvado, O espaço e o sagrado em S. Pedro de Vir a Corça. p. 13.