pós-incêndios. um homem chora pelas suas colmeias perdidas. outro lamenta com lágrimas uma nespereira enxertada. uma mulher olha o vazio e pergunta a uma vizinha se viu o seu gato. um homem entre choros soluça o seu querido olival. um casal caminha na direcção da sua casa queimada. uma família em silêncio na berma da estrada tenta confrontar a realidade de um seu vizinho falecido. lembrei-me de Saramago, quando proferiu um dos melhores discursos de sempre: "o meu avô antes de ser hospitalizado foi despedir-se das suas árvores". será que algum governante entenderá o que é o amor por uma singela árvore?
e que mais da miséria se espera, quando a norma tem sido um grito mudo, a consequência de um conjunto de direcções financeiras que mais nada se esperava do que o aumento das dificuldades, e um recado do tipo "self help", tal como nos habituou um senhor que do alto da sua arrogância nos receitava um mandamento eficaz: emigrar em vez de lutar por um país que é de todos...
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