BOA PÁSCOA...

on the road...

AINDA RAIA E RAIANOS...

Senhora do Almortão

Minha tão linda arraiana

voltai costas a Castela

Não queirais ser Castelhana

talvez esta quadra tenha surgido posteriormente à anterior, com algum contexto histórico por detrás. porém, nem a anterior, nem esta retiram o que foi referido em termos das partilhas mais amplas dos territórios. aliás, pelo contrário, apenas reforça o que foi referido, pois os férteis agonismos nas sociedades humanas são na maioria das vezes excelentes motores de frescura e de revitalização...

ARQUITECTURAS PASTORIS DO CONCELHO DE IDANHA-A-NOVA

abrigos pastoris, Rosmaninhal. 2018

RAIAS OU O VERDADEIRO SENTIDO RAIANO

Senhora do Almortão

minha tão linda Arraiana,

Stais na Arraia de Castela

Sandes meia Castelhana

nesta quadra do encantador repertório musical da Senhora do Almortão (Idanha-a-Nova), reside um enorme sentido de pertença partilhada a um território raiano (aliás, o uso da palavra Castela, confirma esses mesmos arcaísmos). esse reconhecimento identitário de partilha raiana coloca-nos e recentra-nos num espaço muito mais amplo e diverso. talvez mesmo não exista maior evidência contrária aos tão badalados "territórios-ilhas" repletos de encantamentos.

caderno 00. 2018

da loucura...

Évora. 2018

VINTAGE...

aos poucos vai-se apagando toda uma estética pertencente a um tempo. o enigmático é que parece que tudo é engolido pelo tempo e a generalidade das pessoas nem sequer se dão conta...

MEDELIM, PÁSCOAS

O GÉNIO PARTIU RUMO ÀS ESTRELAS...

Stephen Hawking, o génio partiu rumo às estrelas, por cá deixou as suas brilhantes obras e muitíssimo mais. acredito que nos demonstrou a todos como a super-vontade humana se pode impor e permanecer no lugar que supostamente seria inalcançável e desde esta montanha sagrada observou e estudou o universo. por outro lado, também foi uma máxima naquilo que contrariou todas as lógicas deste mundo ocidental, essa abreviação de facilitimismos imediatos, recorrentes flashes de vidas que supostamente só são vividas  com sentido em anúncios perpétuos de marcas, prontas para mostrar no instagram, esse modelo de tudo feito e eficaz, do sucesso à mão, ele mesmo o contrariou quase em termos performativos, ficará aquela paradoxal voz mecânica e monocórdica, talvez mesmo tudo o que ele nunca foi nesta efémera vida....

DOCUMENTOS FOTOGRÁFICOS

(c) Cristina Garcia Rodero (collectivo WSP)

o documento fotográfico é absolutamente central enquanto fonte histórica e metodologica. veja-se a dimensão que esta imagem projecta e aprofunda em termos dos territórios do sagrado e do social das práticas e estéticas vigentes de um tempo...

stone immaculate. 2018

e assim, o coração vai na mão

como um fogo macio

eddy chambino. caderno 00. 2018

ilumine-mo-nos por dentro....

o caminho é por detalhes convulsivos
de consciência terminal
em que ego
lingua & silêncio
se fundem sem residuos

m. lourenço. passaro paradípsico

PASTORES. ABRIGOS

este é um pequeno abrigo de cães de pastor. no dia em registei estas imagens nesta "malhada pastoril" elaborei um conjunto de pequenos filmes numa velha máquina em formato de película super 8. existem múltiplas possibilidades visuais de voltar a explorar estes formatos e os entender como um poço de criatividade e de novas interações e/ou revisitações poéticas e estéticas dos lugares...enfim, não se fiquem pelos lugares comuns...

DOS TOSQUIADORES

colderes de tosquiador. 2016

DESENCANTOS OU A DOENÇA DA MATÉRIA

(jaerlides)

um dos meus fotógrafos favoritos, o Paulo Nozolino (a imagem que ilustra não é deste autor), chamou-lhe a "doença da matéria" à multiplicação e banalização das imagens e seus contextos de utilidades imediatas. eu penso que este mesmo sentido se pode aplicar às nuances que equacionei no "post" anterior sobre a turistificação e a emblematização. os cuidados são tantos que acredito que podemos mesmo cair numa perda de sentido daquilo que é ampla "noção de sagrado".

CICLOS, MUITO PARA ALÉM DA EMBLEMATIZAÇÃO....

este período que antecede a páscoa cristã, em termos daquilo que projecta com os despertares da natureza, o fim eminente do longo inverno, é para mim um tempo sensorial: a luz, os aromas a terra molhada, as policromias que surgem nas paisagens, o silêncio com pautas de sonoridades suaves. esse recolhimento espiritual que o período quaresmal impunha, tem muito destes aspectos sensoriais. recentemente iniciei um projecto antropológico filmico onde irei tentar explorar estas dimensões tão múltiplas e tão próprias destes lugares, quase uma antítese das emblematizações e aos exageros das marcas, um pequeno nada que irá reluzir ao olhar de uma pequena candeia no centro da escuridão...esse silêncio que atravessa a noite e que prepara todos os sacrifícios...esse é para mim o encontro e o reencontro com o ciclo quaresmal nestas terras raianas.

VITAM AETERNAM

ACORDEM... RETIREM TODO O PODER AOS SENHORES DA GUERRA

venham senhores da guerra
vocês constroem grandes armas
vocês constroem aviões da morte
vocês constroem todas essas bombas
vocês escondem-se atrás das paredes
vocês escondem-se atrás das mesas
eu só quero que vocês saibam 
que eu enxergo através das vossas máscaras

vocês nunca fizeram nada 
a não ser criar para a destruição
vocês brincam com o meu mundo
como se fosse um teu brinquedo 
vocês põem uma arma na minha mão
e escondem-se atrás dos meus olhos 
e viram-se e fogem para longe
quando as balas rápidas voam 

como um Judas do passado
vocês mentem e enganam
uma guerra mundial pode ser vencida
vocês querem que eu acredite
mas eu vejo através dos vossos olhos
eu vejo através do vosso cérebro
como enxergo através da água
que escorre pelo meu ralo

vocês apertam os gatilhos
para os outros atirarem
então sentam-se e assistem
quando a contagem dos mortos aumenta
vocês escondem-se nas vossas mansões
enquanto o sangue dos jovens 
jorra dos seus corpos
e são enterrados na lama

vocês promoveram o pior medo
que pode ser lançado
medo de trazer crianças
para o mundo
por ameaçarem o meu bebé
não nascido e sem nome
vocês não valem o sangue
que corre nas suas veias

o quanto eu sei
para falar de mudança
vocês poderiam dizer que sou jovem
vocês poderiam dizer que sou ignorante
mas há algo que eu sei
embora eu seja mais novo do que vocês
mesmo Jesus nunca iria perdoar o que vocês fazem

deixem-me fazer uma pergunta
o vosso dinheiro é tão bom
ele irá comprar o vosso perdão
vocês acham que ele poderia
eu acho que vocês irão descobrir
quando o sino das vossas mortes dobrarem
todo o dinheiro que vocês fizeram
jamais irão comprar o regresso da vossa alma

e eu espero que vocês morram
e que as vossa mortes venham cedo
eu seguirei os vossos caixões
na tarde pálida
e assistirei enquanto vocês descem
para o vosso leito de morte
e permanecerei sob o vosso túmulo
até me certificar que vocês estão mortos

MUSEUS E PAISAGENS

museu de arqueologia do côa. Vila Nova de Foz Côa. 2018

DO INSONDÁVEL...

uma névoa antiga trespassa-me. 

MUSEUS E CIDADES

Fica na histórica cidade de Zamora, o fabuloso Museu Etnográfico de Castilla y Leon. Trata-se de um museu de região, com colecções extraordinárias. Tem nas suas bases um importante centro documental. A sua programação ocupa para mim um dos melhores exemplos de como estas instituições deveriam funcionar, ou seja, múltiplas e diversas actividades que são o espelho tanto das equipas que fazem parte do museu, como das inovadoras propostas vindas do seu exterior. o museu surge assim no sentido mais amplo, mas nunca perdendo os eixos daquilo que representa, nem tão pouco se converte num mero lugar de visualidades imediatas.

Quanto à cidade, para além da Hispano-Portuguesa Fundação D. Afonso Henriques, destaco uma Confraria ligada às manifestações da Semana Santa (Confradia del Santo Entierro), tão em moda neste ciclo, que conta com quatro séculos de existência...400 anos a oficializar o culto...(fica para breve os seus detalhes).