(femmesoul)
recentemente a discussão em torno da cultura ecoou de vários quadrantes, porém, talvez seja também necessário uma profunda discussão em torno das "necessidades culturais" ou para os "usos da cultura", de muitos e diversos espaços culturais que ninguém visita e no entanto, alguns são notáveis em programas culturais, em equipas de trabalho, em respostas às comunidades que lhes dão leitura. também acontece amiúde ouvir de quem visita este país, as melhores das valorizações, ora nos olhares deslumbrados para os artesanatos, ora nos paladares das comidas, ora em diversas outras dimensões onde a diversidade cultural os espanta. mas num instante, ao olhar-mos para dentro do país, tudo parece tão cinzento e tão igual ou parecido aos tais "museus de socos" (como os ingleses denominam os museus locais). colecções etnográficas que mais parecem arqueologia, sem dinâmicas, sem leituras a partir do presente. espaços culturais sem quadro orgânico, sem projeto a curto prazo (pois nunca se podem pensar estas agendas a longo prazo, existem mudanças estruturais, a melhor forma será por ciclos). este é para mim o maior dos investimentos na cultura e não por erro em "pacotes culturais", nem meramente em estruturas, é urgente apostar nas dinâmicas que fomentam as capacidades criticas, que darão respostas às tais procuras de quem visita os espaços culturais. respostas a partir das reflexões de cada humano, em permanente diálogo com o meio envolvente e a comunidade, e não as respostas imediatas quase maquinais. mostrar que os entendimentos envolvem culturalmente as diferenças identitárias de cada um e não o comum "negociado". talvez os debates sobre a cultura se tenham que virar para si mesmos...para que serve? os seus usos?
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