Vista parcial da aldeia dos Alares (Rosmaninhal).
Exemplo dos principais materiais utilizados na construção das casas.
Uma das últimas casas habitadas.
Antes de me debruçar sobre alguns aspectos interessantes da arquitectura tradicional desta aldeia, convém referir que este lugar, denominado de Alares, - situado nos limites da aldeia do Rosmaninhal - conjuntamente com o lugar da Cobeira e as Cegonhas Velhas fizeram parte de um mirabolante episódio histórico a que a imprensa da época intitulou de "A Guerra dos Montes". Em traços gerais o que ocorreu resume-se a um conjunto de confrontos entre o povo (ou parte do povo) do Rosmaninhal e os habitantes destes montes (os monteses). Tudo isto se passou entre 1923 e 1930 e a razão principal foi fundamentalmente o uso e a posse da terra. Deixarei para breve um trabalho mais minucioso sobre este acontecimento. Passemos então aos testemunhos, ou seja, à arquitectura tradicional que as muitas gerações que habitaram este lugar tiveram que deixar forçosamente. Hoje apenas restam remotas ruinas, no entanto, ainda se pode analisar a essência da sua vivência quotidiana, assente numa magra economia rural, cujo o eixo principal seria a criação de gado e os cereais de sequeiro. As construções eram análogas às do Rosmaninhal, prevaleciam as construções em xisto. Porém, como neste lugar não abundam as pedreiras de onde se retirava o xisto, os habitantes utilizavam com alguma frequência outro recurso, o barro. A grande maioria eram casas térreas, com pisos marelos, lisos, elaborados com bosta de vaca seca e barro. O costume de fazer armários no interior das paredes com prateleiras de xisto era usual. Abdicavam das janelas e das escadas exteriores, em amiúde aproveitavam a luz natural que entrava pela porta. Nas padieiras de janelas e portas ainda são visiveis pedaços de toscos troncos de azinho e em alguns casos também, como a fartura não era muita, aproveitamentos de velhos eixos de carroças. Seria interessante se se conseguisse edificar aqui neste lugar um exemplar destas casas tradicionais para que se pudesse interpretar a história social e económica deste povo.
(Continua)
5 comentários:
Tal como algumas pequenas aldeias abandonadas pelos meus lados estam a pedir nova repovoacao, mas nao creio que seja em nossos dias!!!
Um abraco d'Algodres.
Retribuo a visita com imenso prazer.
Gostei ...
Vou passando ...
Beijos
Algures nas minhas, últimamente raras, deambulações por ai, escutei, na zona da Lousã, perto de Coimbra, onde existem algumas aldeias abandonadas na serra homónima, que espanhóis andariam a comprar casas inteiras, construidas em xisto, e que as levavam para os seus "pueblos" e, ai, as voltavam a remontar. Resolvi averiguar e, então, não é que existem portugueses que vendem as pedras, como se as pedras já nada valesssem! Ora os espanhóis -que de parvos nada tem- ficam assim com belas casas de pedra de xisto, a um preço incrível e usufruem assim de algo que nós resolvemos deitar fora. Recuperar sim, mas tem sido difícil, abandonar tem sido mais fácil, desertificar, ora vender torna-se lucrativo.
Durante uma caminhada no passado fim de semana fui surpreendida por estas extraordinárias ruínas. Nada conhecia do local nem da história desta aldeia que bem merece uma maior divulgação.
Teresa
Teresa, primeiro que tudo obrigado pela visita e pelo comentário. concordo plenamente consigo, embora tenhamos que reconher de igual modo o esforço da câmara municipal e da junta de freguesia do rosmaninhal em incentivar a sua promoção, nomeadamente com visitas temáticas guiadas, paineis de interpretação do lugar, etc. contudo, outras iniciativas se impõem, tais como: a salvaguarda do lugar, o estudo e possivel reconstrução da sua arquitectura tradicional, etc...
um "saludo" atento
eddy
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