Monsanto, 2008.
estavamos em 1938, em plena ditadura salazarista, quando o Secretariado Nacional para a informação decide promover o "concurso da aldeia mais portuguesa de Portugal". com este evento, o regime de salazar atingia o seu pleno, ou seja, a construção ou encenação de um país feito de tradição, ordem e harmonia nos campos. são estes mesmos valores que ajudaram a promover uma identidade homogenea, dissimulando todo o tipo de diversidades regionais. neste contexto, a aldeia de Monsanto ganha o atribulado concurso. hoje, passados 70 anos, entre os habitantes locais ainda podemos ouvir ecos deste mesmo discurso, aliás, um dado curioso, foi este mesmo discurso "da aldeia mais portuguesa" que colocou esta encantadora aldeia raiana no mapa dos destinos turisticos de milhares de portugueses e estrangeiros. o meu interesse vai ao encontro da reprodução destas narrativas de promoção de uma aldeia que "é a mais portuguesa". que elementos são usados, entre os habitantes locais, para que tal promoção ainda continue a ser legitimada?
2 comentários:
... mesmo assim fumarei ....!
_________________________________ SE perdura a imagem mental e arqueológica da homogeneidade de uma aldeia, a mais de Portugal, encontramos no falar comum também por cá , às vezes em conversa , essa mesma referência de pertença !... Não sei se abunda em guias turísticos, ou nos manuais escolares , sei apenas que a imagem da Madeira como Pérola do Atlântico, do imaginário salazarista permanece , assim como outros clichés....
Demoramos com Salazar na língua !
cordialmente
JRMarto
Não é, nem foi bem o caso de Monsanto. A "portugalidade" da comunidade foi imagem criada e desejada por toda uma élite regional desde finais do século XIX. O SNI aproveitou, transformou e manipulou o primitivo investimento . Mas depressa esqueceu a dita aldeia mais portuguesa. Afinal o "mundo" era, então, nosso do Atlântico ao Oriente.
Salazar, esse, nunca visitaria a "sua" aldeia. E Monsanto lá ficou com as suas pedras modeladas pelos tempos e pelas gentes numa continuidada criação de memórias, cada vez mais afónica.
Pedro Miguel Salvado
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