quarta-feira, julho 15, 2009

OBJECTOS MNEMÓNICOS



(eddy, 2008)


os objectos têm algo de enigmático. estão ali (des)arrumados num qualquer canto de uma casa abandonada e de repente, ...zás..., conectam-nos com o passado, com uma multiplicidade de discursos, com recordações. nestas lógicas podemos diferenciar dois tipos de objectos: o objecto vulgar, anónimo, velho, destituido desse sistema de produção/consumo (efemero). e o objecto nobre, singular, de prestígio, obra de arte (eterno). este último também inserido numa simbólica muito próxima do sagrado, obscura..(afinal, o que é um objecto de arte?) contudo, o interesse fundamental é referir que estes objectos "foto-ilustrados" já não existem no mercado, perderam funcionalidade, foram substituidos por outros (ou não) e como tal, vistos à luz das lógicas patrimoniais, são objectos mnemónicos, e porquê? porque hoje, face à sua "morte" funcional, tornaram-se repositórios informativos, alvo de inúmeras interpretações.

vejamos:

uma etiqueta de uma mala de viagem: remete-nos para o proprietário de uma casa comercial (fábrica??), sitiada numa rua em castelo branco. a história desta casa comercial. assim como a história desta mesma mala. quantas viagens fez? que destinos ficaram ligados a esta mala? o que transportou?

um liquido vegetal-medicinal para curar ulceras do estomago: este rótulo diz-nos apenas o modo de utilização do liquido medicinal. mas o facto deste se encontrar neste lugar indica-nos que alguém sofreu deste mal. interessa deste modo para a história da medicina das povoações rurais. sendo este elaborado através de plantas, houve algum laboratório-farmácia local? será que os jornais da época o publicitam?

uma embalagem de sais: este está ligado ao liquido-vegetal, logo confirma-se a existência de maleitas de alguém da casa. interessa de igual modo para a história da medicina das povoações rurais.


ligação entre ambos: ao viajar a pessoa transportaria os seus remédios na mala e ali ficaram esquecidos; ou estariam guardados na mala porque já não seriam necessários??


no fundo, este é o exercicio dos museus, enquanto instituições por excelência dos objectos.






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