"começei no negócio no dia 3 de janeiro de 1944. esta loja primeiro foi aberta lá para cima onde lhe chamam o curral concelho, era ainda solteiro. depois casei e vim ali para aquele redondo que está ali, que era a casa dos meus sogros. depois dali fiz aqui esta casa e vim para aqui, até hoje! esta casa acompanhou muitos tempos dificeis. o mais dificil foi em 1949. faltava dinhero, não havia denhero, a gente vendia e as pessoas ao fim do ano é que pagavam. isto era um choque muito grande, os que tinham denhero aguentavam, os que não tin ham íam ao ar. as pessoas não tinham denhero, depois eu tinha pena deles e lá fiava até que viesse o verão e fossem fazer as ceifas e depois aviavam os trigos e as cevadas, depois vinham a dar a semente para compra." (sr. antónio, 92 anos, comerciante, rosmaninhal)
só com a ajuda destes testemunhos de vida e dos seus respectivos manuscritos é que conseguimos perceber na íntegra a história social das comunidades. com eles é possivel reflectir criticamente sobre a vivência social das comunidades e assim problematizar o tempo e o espaço vivido. os testemunhos orais fazem-nos deslocar o olhar da hegemonia do objecto-património, mudo, para todo um fecundo campo de tensões, ansiedades, fantasias, etc.
4 comentários:
Uma recolha digna de uma análise como a que é conseguida.
É pena acabarmos por não poder dar uma maior visibilidade e materializar em trabalhos escritos para gurdar e catalogar em bibliotecas.
Que os actuais arquivos digitais não são lá de muita confiança.
Abraço
António Nunes
concordo plenamente antónio, há relativamente pouco tempo fiquei sem um disco externo repleto de documentos imprescindiveis...
um abraço
Um abraço Eddy pelo trabalho que tens feito sobre o Rosmaninhal. Esse Sr. António é certamente o meu tio-avô, irmão da minha avó materna! A loja actual é na em frente à Capela do Espírito Santo certo? Cumprimentos César António Lobato Pinheiro
César, é exactamente o teu tio-avô. Infelizmente a sua dita loja chegou ao fim, depois de cerca de 60 anos ao activo. Como tudo na vida têm fim, paciência, pelo menos fique-se com a sua memória...
Um grande abraço e BEM HAJAS pelos elogios
Eddy
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