domingo, fevereiro 20, 2011

ARQUITECTURAS TRADICIONAIS, IDANHA-A-NOVA

tronco para ferrar as vacas, rua dos Açougues, Idanha-a-Nova. 2010


é conhecido pelos populares como "tronco para ferrar as vacas". tal como a própria designação indica, servia para essa mesma função, ferrar o gado de trabalho. por todas as aldeias do concelho multiplicam-se nas suas paisagens urbanas estruturas identicas, hoje completamente desfuncionalizadas e por este mesmo motivo, esquecidas. algumas já desapareceram, os materiais foram reaproveitados, ficando apenas o topónimo do lugar. bem sabemos que pertencem a essa infeliz categoria de "patrimónios menores", porém, são documentos importantíssimos que assinalam a expressão de uma funcionalidade, de um labor e de um saber-fazer pertencente a esse remoto mundo rural. quanto a mim, é urgente a elaboração de um inventário sobre estes e outros "patrimónios menores" que existem no concelho (moinhos, pontes, lavadouros, troncos de ferrar, fontes, cruzes de caminhos, etc, etc). aliás, embora já de uma forma residual, são eles que falam da memória de uma paisagem e dos seus usos. face à sua total desfucionalidade, mais fácil serão as reflexões museológicas a pensar e a fazer em torno deles. também a sua (re)centralidade nos "olhares" irá contribuir para fundar novas identidades da paisagem rural e a estabelecer ligações com a paisagem natural.

sobre a história deste exemplar em Idanha-a-Nova consegui este importante legado:

"João Nunes, casado, policia civil, residente em Lisboa pede licença para colocar um tronco para oficina de ferrador no sitio dos Açougues, detrás da casa da escola (1912)."

(Arquivo Municipal de Idanha-a-Nova)

6 comentários:

Um brasileiro disse...

Olá. Tudo blz? Estive por aqui. Muito interesante. Gostei. Apareça por lá. Abraços.

eddy disse...

obrigado amigo.

abraço

Anónimo disse...

Há um ano participei num campo de férias internacional para efectuar um inventário do património arquitéctonico rural do vale do Côa. A experiência foi muito gira, mas não muito por ali além. É uma experiência na qual os participantes foram estimulados a valorizar o patrimonio arquitectonico rural de Portugal. Na minha perspectiva deu para entender que em Portugal não existe normas de inventário para o patrimonio arquitectónico rural, de uma forma específica e que as iniciativas deste género não têm grandes conteúdos científicos, não é tido em conta o meio e o contexto social rural, mas unicamente as medidas da estrutura arquitectonica e claro, se é bonita ou feia e porque não incluir patrimonio religioso, já que se está com a mão a massa. Há uma falta de noção, principalmente das pessoas que dirigem intituições, da importância de haver critérios sobre como analisar estas estruturas. Brevemente estas estruturas que fizeram parte do nosso dia-a-dia vão ruir e concerteza que vão cair no esquecimento. Provavelmente, poderão captar a mais bonita, mas não a mais singular.

Cláudia Diogo

eddy disse...

Cláudia, concordo em parte com a tua observação, porém, em relação aos inventários, existem os importates trabalhos da equipa fundadora do museu nacional de etnologia. o "inquerito à habitação rural" de Henrique de Barro também é um bom guia. agora, estou totalmente de acordo contigo em relação à ausência e ao esquecimento destes inventários nos respectivos territórios que nos dizem respeito e afins, principalmente no presente.

bjs

Unknown disse...

Era como se diz agora o posto de trabalho do meu bisavô.

eddy disse...

Bem hajas Paulo.
abraço