A "camareta"
A casa tradicional da aldeia do Rosmaninhal varia entre terrea, ou seja, baixa, e a casa dita alta (de um ou dois andares). O exemplar fotografado é uma casa de andar.
1. No piso inferior funciona o "sotão" e os quartos e no andar a cozinha e mais um quarto. O "sotão" é o lugar especial da casa, aqui se recebem as visitas. Este lugar está repleto de simbologia, aqui se dispõem os santos protectores da casa, geralmente a/o padroeiro da aldeia juntamente com as molduras da familia, assim como as cantareiras cheias de loiça de barro e zinco colorida. Os quartos estão bem tapados com cortinas com padrões alegres. A grande maioria das casas têm armarios encaixados na parede e cantareiras.
2. Subindo a escadaria de madeira entramos no dominio da cozinha, lugar por excelência de todas as sociabilidades. O lugar do lume e o fumeiro por cima pautam os tempos dentro da casa. É na cozinha que a familia se congrega em torno do fogo e se estruturam os lugares consoante as idades. Por cima da escadaria, ainda havia lugar para mais uma cama, chamam-lhe o lugar da "camareta". Diz a Ti Barata do altos dos seus 80 anos: "a gente antigamente era uma meséria, dormiamos aos 7 e 8 dentro duma casa, os rapazes iam a dormir para os palheros e as raparigas dormiam em casa. Tinhamos sempre nas casas uma camareta por cima das escadias, era para dormir um filho mais pequeno".
A riqueza do universo das casas rurais têm sido sistemáticamente desvalorizada pela grande maioria dos estudos académicos e dos diversos projectos de cariz patrimonial. Conhecemos pouco ou muito pouco destes universos, fazem falta estudos pormenorizados dos interiores das casas rurais, para que possamos compreender em profundidade o espaço da intimidade familiar.