Rosmaninhal, S. João 2007.
"Ai, meu lindo S. João,
Meu ramo de rosmaninhos,
Dá saúde ao nosso alferes
E também aos seus padrinhos"
A chegada do solstício de verão (24 de Junho) foi desde tempos ancestrais celebrada de forma orgíaca. A noite mágica de 23 para 24 de junho é uma "noite aberta", pois a ordem das coisas pode ser perfeitamente alterada. Nesta noite tudo pode acontecer, "todas as plantas e todas as águas são sagradas". Devido à intensa comunicação cósmica gerada, os espiritos podem despretar e para os afunguentar queimam-se ervas aromáticas junto às casas.
Na aldeia do Rosmaninhal (Idanha-a-Nova) celebra-se um dos mais interessantes rituais em torno deste fogo cósmico. Ainda com o sol no limite das suaves linhas alaranjadas do horizonte começam a ouvir-se pela calçada das ruas o som das arcaicas ferraduras que convergem na direcção da casa do alferes. São cavalos, éguas, machos e burros que desfilam sob o olhar atento e alegre das gentes mais idosas, as mulheres gritam "Viva o S. João, viva os festeros". E, assim, em jeito de procissão, desfilam o alferes e os padrinhos à frente e os restantes cavaleiros atrás. Pelo caminho saltam as fogueiras aromáticas, desafiam o fogo com a bravura de antigos guerreiros e do alto das bestas esboçam dos rostos corados a expressão da verdadeira herança ancestral, dominar a besta e o fogo.
"Viva o S. João, viva os festeros"
(Agradeço a simpatia e a humildade do alfares Martinho e seus familiares, ajudantes e noctívagos "rosmaninheros" por esta magnifica festa cósmica)
1 comentário:
Deve ser sem duvida nenhuma, bonita de assistir essa festa!
Um abraco d'Algodres.
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