quinta-feira, outubro 11, 2007

AS POTENCIALIDADES DA AGRICULTURA BIOLÓGICA: COLÓQUIO NO CENTRO CULTURAL RAIANO



É urgente reflectirmos todos em geral sobre a temática dos produtos biólogicos, e em particular as zonas rurais, pois é precisamente aqui onde as potencialidades são inúmeras. Basta de culturas que seguem os modos ditos capitalistas, onde apenas e exclusivamente o lucro interessa. Danificando a terra, alterando os ciclos biólogicos normais dos alimentos e consequentemente os seres humanos que os consomem. Não sei mesmo, se o indice de doenças cancerigenas não seja uma consequência directa deste processo de capitalização da agricultura e seus derivados. Pois não existem estudos comparativos, estudos a uma escala micro..
Em Espanha, por exemplo, circula uma campanha institucional acerca dos produtos biológicos cujo o slogan diz o seguinte: "Agricultura Ecológica. Vívela". Isto porque, segundo um semário, a maioria das pessoas conhece e valoriza os alimentos bio, mas só uma quarta parte os consome alguma vez. Não seria benéfico se as escolas desde os infantários até às universidades apenas permitissem nas suas cantinas produtos bio??? é claro que aqui se equacionam os custos, mas se o Estado garantir um apoio, mais e melhor estruturas surgirão. E aqui, os meios rurais terão um papel capital, pois são eles que detêm as melhores condições para o desenvolvimento destas pequenas e tão prósperas "manufacturas" artesanais.
O concelho de Idanha-a-Nova têm enormes potencialidades nesta área, têm um saber-fazer milenar associado às hortas, têm um território diversificado, extenso, têm um conjunto de infraestruturas ditas tradicionais inoperativas que podiam servir de plataformas de excelência no capitulo das tão divulgadas "arquitecturas sustentadas", etc, etc. Tudo isto está infelizmente no limiar da sua existência. Porém, não será necessário dramatizar, procurar discursos ansioliticos e angustiantes acerca do desaparecimento das coisas, pois elas são o fruto do devir das próprias sociedades, nenhuma sociedade é estática, todas têm o seu complexo processo de mudança. Se procurarmos entender melhor as mudanças nas sociedades talvez seja mais fácil encontrarmos as soluções mais simples. Daí que a promoção destes encontros em torno de temáticas que se revelam centrais para o desenvolvimento dos meios ditos rurais, sejam de uma importância capital!!

Deixo uma máxima: "Está na hora de começarmos a comer melhor??

2 comentários:

Al Cardoso disse...

Concordo contudo, menos com o facto de que tem ser com ajudas do governo.
Temos que deixar de ser subsidio-dependentes.

Um abraco d'Algodres.

eddy disse...

Caro Al

Quando refiro o apoio institucional estou a indicar uma das competências mais estruturais - se não uma das basilares - na projecção de uma sociedade mais sustentada. Repare, no ãmbito do ensino, o caminho actual é privativar, capitalizar, para que este passe a ser um mero instrumento do enriquecimento fugaz de um grupo privilegiado e não uma ferramenta para tornar uma sociedade mais competente, mais dinâmica. Se a saúde é um dos pilares fundamentais, porque não institucionalizar as práticas saudáveis nos estabelecimentos escolares, é obvio que só faz sentido com alimentos saudáveis. Se uma das doenças da modernidade é a obsidade e consequentemente todas as suas derivadas - diabetes, colestrol, enfartes, AVC, etc - as responsáveis directas dos gastos mais exorbitantes nos hospitais, nas familias, nos lares de idosos, porque não começar por uma das causas fundamentais - a má alimentação?
Daí que acredito, piamente, numa base sustentada onde o mero acto de comer, passe a ser um dos direitos mais fundamentais da Humanidade. Veja a quantidade de povos que no auge de uma sociedade tecnológica que se diz super-desenvolvida ainda luta por um pedaço de pão nas lixeiras suburbanas e curiosamente onde o desperdicio é atroz - o caso dos recentes estados-nação africanos são um exemplo bastante ilustrativo ou os graves problemas relacionados com a emigração para o Ocidente; grandes hordes de seres humanos ( a maioria emigrantes e não só) esperam à porta das catedrais do consumo (centros comerciais) para lutarem pelos desperdicios dos outros. São gastos biliões para combater a fome no mundo, todo esse dinheiro aplicado em infraestruturas de base serviria para alimentar estas e as próximas gerações, ou seja, aplicado em aprendizagens técnicas, terra para todos produzirem os seus alimentos de base, produções familiares para se poderem constituir redes ligadas a um tipo de comercio mais justo, mais honesto, emprego para todos, água potável para todos...etc...etc...
Em suma, acho que a subsidio-depência é uma das estratégias do próprio sistema, sem ela, esta sociedade não se diz avançada, pois a grande fatia dos capitais públicos é gasta apenas para anestesiar e não para combater a raiz dos verdadeiros problemas.

Porém, compreendo a sua afirmação!!

Um abraço raiano