Rosmaninhal, 2007.
quem frequenta as paisagens hoje?
não há muitos anos contavam-se às centenas de rebanhos e pastores nas paisagens raianas. tudo se transformou, avistam-se com menos frequência rebanhos acompanhados por pastores, aqui e ali vão pontuando alguns rebanhos solitários em terrenos vedados. a ausência do pastor na paisagem é aterradora, causa vazio e abandono. em particular quando alguém conheceu e viveu esta realidade de perto. no meu caso concreto, tive a oportunidade de ainda conhecer uma das últimas gerações de pastores. acompanhei as suas travessias, ouvi as suas histórias, perscutei os seus medos e experiênciei uma das actividades mais remotas da humanidade. penso no paradoxo deste mundo actual, tecnológico, massificado, urbanizado, higienizado, etc. penso na paupérrima cultura que é partilhada e que é gerada pelos ansiosos "up-dates" tecnológicos, pelas redes de informação que se tornam também redes de iliteracia e definhamento da lingua, redes de pobreza acentuada, reificação atroz da opinião pelos media, pauperização da mente, etc, etc... é precisamente enquadrado nestas lógicas que surgem os novos actores das paisagens: excursionistas pedestres, ciclistas, caçadores, vigias e guias da natureza. cada vez mais deixa de fazer sentido falar em natureza...
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