quinta-feira, outubro 01, 2009

HEMEROTECA: TEMPOS PATRIMONIAIS




achei interessante este texto publicado em 1979 no jornal local "Raiano" sobre as tão reiteradas preocupações com as emergentes salvaguardas patrimoniais. O texto começa com um alerta: "Talvez até hoje ainda nada se tivesse escrito acerca deste assunto". Depois quase como um lamento adianta "Todos sabemos muito bem que o Rosmaninhal não possui grandes monumentos". desta frase retira-se ainda a fragilidade do que era ou não considerado património, ou seja, a panoplia dos ditos patrimónios "menores" hoje legitimamente valorizados contrasta de imediato com esta atenção colocada em demasia nos monumentos de cariz religioso.

Mais à frente refere alguns maus exemplos referentes à sua salvaguarda:

- A capela de S. Roque construida no sé. XVI: "(...) manteve um altar de talha dourada até que alguém se lembrou de o retirar e em sua substituição construir um monstruoso altar em cimento que destoa horrivelmente com o restante contexto. Há também pouco tempo por motivos desconhecidos, alguém (...) partiu o rico exemplar de Cristo crucificado que encima o maravilhoso cruzeiro da capela".

- A capela da Misericórdia: "após a sua reconstrução ficou totalmente desfigurada pois o muro em cimento que ostenta o telhadofica totalmente fora do contexto do edificio.

- A capela do Espirito Santo: "(...)o seu cruzeiro está em muito mau estado"

- Outra barbaridade irremediável foi cometida contra o portal antigo do antigo cemitério (...) embora este antigo portal não tenha grande importância, sustentava por baixo de uma cruz em granito a data da construção do antigo cemitério".

- (...) o desaparecimento da rica talha dourada da igreja matriz, o abandono da capela de S. António com o consequente desaparecimento de muitas outras peças de grande valor histórico que certamente alguém se encarregou de desviar".


concluindo, dirige um extraordinário apelo aos "jovens e responsáveis mais directos da nossa terra para que no futuro saibamos respeitar melhor aquilo que os nossos antepassados com muito sacrificio, orgulho e respeito nos legaram".

assina este admirável documento "M.L.C".

p.s em alguns casos, nomeadamente o dos misteriosos e enigmáticos desaparecimentos patrimoniais, parece que o respectivo já têm lustrosas e compridas "barbas"...





2 comentários:

Anónimo disse...

Só pode ser o Mário, há trinta anos já preocupado com o património da "nossa terra".
Parabéns pelo blog!
Francisco Pinheiro
(Rosmaninhense na diáspora)

eddy disse...

Caro Amigo Francisco, concordo plenamente consigo!
Bem-hajas pela visita e já agora, para quando a tal associação que ficou, com muito pena minha, ali estagnada...


um abraço