'essa hegemonia da identidade prende-se também com a indiferenciação que é devolvida ao passado. fala-se deste como se fosse um continuum uniforme. as sociedades inventaram processos de fazer com que o seu presente seja a manifestação desse continuum. nós fazemo-lo, por exemplo, quando enterramos os nossos mortos: eles tornam-se melhores pessoas, esquecemos todos os atritos, porque queremos devolver-nos a serenidade e o equilíbrio e, assim, fazer com que tudo o que possa ter sido um presente de tensão e dor seja transmutado num passado de harmonia e paz. os museus também o fazem.'
Joaquim Pais de Brito, Patrimónios e Identidades. a difícil construção do presente. p. 50, in Elsa Peralta e Marta Anico (coord.), Patrimónios e Identidades. ficções contemporâneas.
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