sábado, abril 08, 2017



as laranjeiras estão floridas e da solene noite que as envolve só resta uma máquina ou uma vontade de máquina quase doentia que se perfura a ela mesma nos olhos inchados de tantos fuzilamentos-flashes. adiamos os repousos dos nossos sonhos nos fundos das águas claras da primavera. adiamos as vigílias ao luar nos ermos sombrios dos vértices das ruínas das casas de granito. adiamos aqueles passeios por cima da frescura das ervas. hoje mesmo quando passei pela rua ouvi por lá os nossos risos deslumbrados e quase chorei quando a sombra das nossas mãos se flagelava contra os mesmos pregos de todas as crucificações. e lá iam os cosmonautas-sacerdotes debaixo dos pálios-nave de mãos carnudas bem à mostra. lá iam também todos os notáveis dos primeiros lugares, felizes e contentes com as suas verdades. uma gente apareceu de rompante e gritava quase agonizante - vêm ai os apóstolos de Cristo.


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