domingo, julho 16, 2006

MAIS ESPANTOS...

uma estranha dança percorre os caules da cevada e a nudeza cósmica enfrenta as maduras pedras.passam carros saídos das profundas raízes.vão na direcção do vento.do esvoaçar leve dos passáros.lá em cima as folhas das arvores dão gargalhadas silenciosas.a noite poisa nessa pelicula rugosa e amamenta todos os sonhos.existem fracturas na estrada de alcatrão.peles de cobras deixadas ao acaso.grilos que cantam para os orifícios da terra.não muito longe dali os homens lembram-se.lembram-se de como segredava a terra enquanto as mãos iam gretando.assistiram ao gretar em silêncio.apenas o vinho os escutava.os amamentava como uma nova mãe.os educava como um novo pai.vinha o toque do sino e arrancava-lhes esse novo coração a saber a vinho.vinham as mulheres de preto para lhes secar todos os líquidos.eram outra vez homens.mas à porta da taberna ainda lá estão os órfãos destes pais.escutam o tempo como a terra lhes ensinou.nunca viram o mar.mas o mar veio ter com eles pelos cantos dos olhos.cristalizou a salgada agua nas bocas roxas.misturou-se com o que resta do vinho e com essa mistura os homens nunca mais deram gargalhadas.

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