I ACTO
is everybody in?
the ceremony is about to begin
o “the end” dos doors pulsava naquele quatro cheio de livros e papeis tingidos com poesias obscuras. um corpo nu segurava uma cabeleira húmida que libertava um perfume silvestre. projectava-se contra um espelho rectangular. alice no pais das maravilhas ou um anjo destituído das asas celestiais. moldava os caracóis com as finas pontas dos dedos. fixava a sua imagem no espelho e alternava diversas poses felinas. o grito da borboleta dentro da noite infinita. a cavalgada atingia o auge rítmico e com um gesto imperial soletrava “ This is the enddd…”. depois olhava profundamente para a sua imagem. ia até onde ela se perdera, encontrava as orgias dionisíacas. ouvia aclamações, aplausos, gemidos, urfares. tinha chegado ao reino dos ciprestes. montava agora a velha serpente que o levava até à cadência rítmica dos últimos dias alaranjados. tinha encontrado a nudeza cósmica. queria fazer uma aliança de sangue e copular com as estrelas até à cessação das profundas dores. conheceu a dança. os círculos de fogo. o vinho. a mulher. provou dos seus lábios o amor e desejou-a para sempre. soletrou-lhe visões de reinos antigos. entregou-lhe nos braços a sua única e misteriosa morte. prometeu-lhe uma nova religião. a cósmica aliança entre duas almas e a eterna dança em torno do fogo primordial. tinha chegado o momento. o sacrifício. a morte iniciática. a noite planeava leva-lo até aos intermináveis silêncios. despedira-se daquele momento com um esguio e lascivo movimento de ancas. eh Dionisius, dá-me uma cerveja!
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