tesoura de tosquia.
face às ansiedades geradas pelo consecutivo desaparecimento de património por todo este país rural ou melhor pós-rural, não podia deixar de focar este tema. A última das noticias foi o desaparecimento de um tronco fóssil (com contornos tipicos de uma novela policial). ou seja, já é recorrente este tipo de alertas de roubos, desaparecimentos misteriosos, golpes de magia, compras e vendas de hábeis malabaristas, enfim, todo um caso de estudo com contornos interessantes. vale a pena escrever umas linhas sobre alguns pontos que podem ajudar a compreender melhor estes malogrados acontecimentos.
...é difícil dizer o que não é património, pois com o alargamento exaustivo do termo tudo se torna património: paisagens, cidades, arquitecturas, aldeias, fábricas industriais, codigo genético, etc. seria mais fácil perguntar o que não é património? em relação ao desaparecimento deste património ligado aos campos, dito património "menor", tais acontecimentos explicam um dado curioso, pois com o abandono progessivo dos labores agricolas e pastoris estes territórios passaram a enquadrar um sem fim de estruturas vazias, ocas que inevitavelmente perderam a funcionalidade para que tinham sido arquitectadas, ficando deste modo à mercê de todo o tipo de vontades (museológicas, mágicas, etc). paralelamente a este plano surgem as ansiedades de protecção, conservação e gestão deste vasto conjunto de dificil classificação, vontades essas que para os que habitaram estes campos e possuem essa memória, tornam-se totalmente incompreensiveis. daí a solene pergunta: patrimónios, de quem e para quem?
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