sábado, março 21, 2015

ADUFE. MUITO PARA ALÉM...

(Igreja S. Juan de Amandi, Asturias)


nesta extraordinária igreja românica do século XII está esculpido este conjunto escultórico num dos capitéis. a representação da figura (feminina/masculino?) do lado direito remete-nos para alguém a tocar adufe. entendendo os elementos culturais enquanto conjuntos/padrões de significados vivos e dinâmicos, como é o caso do adufe nas terras da raia Idanhense, a minha percepção conjuga de imediato toda a experiência dos meus sentidos (ouvido e olhar) que este instrumento conecta. daí e quase na totalidade da sua importância (longe das ansiosas e doentias procuras da autenticidade) só me interessa essa fascinante possibilidade de o perceber como um todo vivo: os seus ritmos, as suas performances, as suas linguagens, os seus contextos vivos. por outro lado, também se destaca essa atenção e mestria dos artistas da época em fazer reproduções estéticas exactas com os gestos técnicos precisos. ou contrário de hoje, alguns dos ilustradores urbanos "cultuados", apenas lhes interessam o "umbigo" das cores, do traço, da montra, do cenário, do pano de veludo, enfim, do "boneco", esquecendo-se de todo um contexto vivo, dinâmico, onde as comunidades se revitalizam e se revêem. 

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