Herberto Helder, o grande mestre das artes poéticas deixou-nos e partiu nessa nuvem alva, espessa de tantas coisas de março. o poema que transcrevo foi escolhido ao acaso, abrindo um dos seus livros que leio quase religiosamente (oficio cantante). artes mágicas ou não, quanto a mim, é mesmo e tão só a poesia que detêm esse dom de arrebatar-nos até ao mais profundo de nós mesmos, até à nossa alma.
Ω
a minha idade é assim - verde, sentada.
tocando para baixo as raizes da eternidade.
um grande número de meses sem muitas saídas,
soando
estreitos sinos, mudando em cores mergulhadas.
a minha idade espera, enquanto abre
os seus candeeiros. idade
de uma voracidade masculina.
cega.
parada.
algumas mãos fixam-se à sua volta
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