Taberna da Ti Barata. Rosmaninhal.
Cá fora a manhã passa, lenta e lânguida. A taberna está aberta. Ouvem-se algumas mulheres. Os homens ainda não apareceram. A Ti Barata está sentada numa cadeira, com os braços sobre a mesa e olha para tudo com aquele olhar de quem não quer ver nada. Pergunto se lhe apetece trocar algumas palavras sobre esse tempo que a taberna emana. Os olhos semi-fechados esforçam-se para o foco de luz da minha curiosidade e algumas palavras soltam-se para exorcizar este tempo, o tempo de tudo, ouvindo-se o tempo do nada: "Dantes não tinhamos nada mas a taberna estava sempre tcheia, agora já há de tudo, tudo quer os cafeis e já ninguém quer estas coisas velhas". Entretanto, entra um homem apressado, diz bom dia e "bota-me um copo de aguardente que ainda não comi nada". Bebe de uma vez. Pede outro, bebe de igual modo. Torna a pedir outro e puxa pela velha carteira para pagar. Pergunta à Ti Barata quanto lhe deve. A ti Barata faz a conta, o homem diz-lhe que está mal, ela torna a rever e consente o seu engano. O homem responde: "Queres me roubar a mim para dar aos outros? Ela ri-se e o homem sai. A conversa fica retida no tempo e a Ti Barata regressa ao lugar do nada.
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