segunda-feira, novembro 26, 2007

OBJECTOS ESQUECIDOS



Arca forrada com pele de bovino com uma fechadura ornamental em ferro forjado, Quintã, 2006)

Digo objectos esquecidos, porque todos nós temos em casa objectos que por algum motivo perderam a sua funcionalidade, deixaram de servir, ter utilidade, passaram pois à categoria de objecto-memória, estão fora do tempo, encontram-se numa espécie de limbo temporal. É o caso desta arca religiosamente guardada numa velha casa. Apenas serve para guardar algumas colchas bordadas e algumas mantas de lã, também elas fora de uso. Porém, são objectos de memória, marcam um tempo, uma vivência, uma encruzilhada de destinos. Entre esta trama de sentidos situa-se a instituição museu.

6 comentários:

Anónimo disse...

Onde que concelho é que situa esta povoação Quintã?

Anónimo disse...

Há como sabequem sobreponha ao pedaço de memória individual/ colectiva, a sua história na procura de uma identidade que há falta de representaçãoindividual ou social no espaço privado os procure e pague a peso de ouro, ou receba dado basta um jeitinho. Não sei nada de museus vivos, fico perplexo quando os visito e ouço contraste de discursos. De casa de meus bisavós , avós e pais trouxe fotografias de rituais...
Tenho essa representação dos meus, e às vezes as contradições e conflitos vindos à memória deveriam fazer-me rasgá-los por metades, como as minhas irmãs nos anos cinquenta ou outras familiares , por quebra de namoro as primeiras por desavença de partilhas ou outros conflitos,
e no entanto não o faço.
Explique que não entendo o fenómeno da »Tirada da fala » durante décadas, intra -familiar e extra familiar. A resposta da sociologia não me chega, falta-me qualquer coisa que só os antropólogos podem chegar. Dê-me uma dica ,se o maçar passe à frente, e indique qualquer coisa para ler. Com os meus mais sinceros cumprimentos JDRMarto

eddy disse...

Caro JDR Marto

Referente à "Tirada da fala" de cada grupo ou comunidade, apenas lhe posso indicar alguma bibliografia que penso não ser a mais esclarecedora. Mas, poderá ser um ponto de partida. Porém, também sei que existe uma série de tratados linguisticos que se referem às diversas áreas geograficas de Portugal (tenta o site da Biblioteca Nacional e faça uma pesquisa mais demorada).

Bibliografia com algum interesse:

-Artes da fala, Oeiras, Celta Editora, 1997.

-Ramos, Francisco, Tratado das alcunhas alentejanas, Colibri, 2002

Depois têm um manual de interesse etnográfico, onde poderá encontrar diversa informação bibliografica:

-Pereira, Benjamim, Bibliografia analitica.

Trata-se de uma pequena ajuda...se eventualmente necessitar de mais alguma coisa, diga, terei todo o gosto em responder.


Um abraço raiano

Anónimo disse...

Caro Nelson,
certamente imaginará a satisfação com que frequento o seu blogue.
Agradeço a informação que me é dada anteriormente , pois talvez compreenda melhor aquilo que chamo grosseiramente tirar a fala, e passar essa retirada à geração seguinte. Trata-se mais do que uma suspensão provisória em alguns casos; em que fazer as pazes é retomar um jogo de regras em que o poder ou o motivo de conflito investiu dois ou mais interlocutores numa disputa. È muito simbólico.
ÀS vezes é um fenómeno de uma vida :A não falará com B toda a vida, se seguem no mesmo caminho, por exemplo, existe a indecisão de quem muda de de um lugar para o outro, ou insiste e passa ao lado. Provavelmente, esta não seja uma questão que me possa explicar, e até possa, mas o seus afazeres não lho permitem.
Passe sempre ao lado , nesse caso porque o que eu gosto mesmo é de vir aqui, e pensar com os meios que tenho disponíveis, o que me oferece a ver e a pensar. Muito obrigado. JDRMarto

eddy disse...

Pois, talvez não tenha percebido o termo. Existem algumas teses de doutoramento que estão publicadas que referem em algum ponto a problemática das relações de vizinhança. Nomeadamente: Pina Cabral, Filhos de Adão, Filhos de Eva (tese efectuada na região do Minho);
Veja também o antropólogo José manuel Sobral.
Caso vislumbre alguma luz nas minhas inúmeras leituras, comunicar-lhe-ei de imediato!

O prazer é todo meu, disponha sempre!

Um abraço raiano

Anónimo disse...

caro amigo,
abriu-me a possibilidade a outro interesse, o cruzamento de falas entre falares diferentes numa zona de migrantes, onde se arremedavam falares, se sobrecorrigia, se caricaturava a palavra exacta, se desprezava o outro.
»o corte de relações« ajudou-o, ajudando-me a mim próprio, muito mais .Bem haja por isso.
cordialmente . jdrmarto