Arca forrada com pele de bovino com uma fechadura ornamental em ferro forjado, Quintã, 2006)
Digo objectos esquecidos, porque todos nós temos em casa objectos que por algum motivo perderam a sua funcionalidade, deixaram de servir, ter utilidade, passaram pois à categoria de objecto-memória, estão fora do tempo, encontram-se numa espécie de limbo temporal. É o caso desta arca religiosamente guardada numa velha casa. Apenas serve para guardar algumas colchas bordadas e algumas mantas de lã, também elas fora de uso. Porém, são objectos de memória, marcam um tempo, uma vivência, uma encruzilhada de destinos. Entre esta trama de sentidos situa-se a instituição museu.
6 comentários:
Onde que concelho é que situa esta povoação Quintã?
Há como sabequem sobreponha ao pedaço de memória individual/ colectiva, a sua história na procura de uma identidade que há falta de representaçãoindividual ou social no espaço privado os procure e pague a peso de ouro, ou receba dado basta um jeitinho. Não sei nada de museus vivos, fico perplexo quando os visito e ouço contraste de discursos. De casa de meus bisavós , avós e pais trouxe fotografias de rituais...
Tenho essa representação dos meus, e às vezes as contradições e conflitos vindos à memória deveriam fazer-me rasgá-los por metades, como as minhas irmãs nos anos cinquenta ou outras familiares , por quebra de namoro as primeiras por desavença de partilhas ou outros conflitos,
e no entanto não o faço.
Explique que não entendo o fenómeno da »Tirada da fala » durante décadas, intra -familiar e extra familiar. A resposta da sociologia não me chega, falta-me qualquer coisa que só os antropólogos podem chegar. Dê-me uma dica ,se o maçar passe à frente, e indique qualquer coisa para ler. Com os meus mais sinceros cumprimentos JDRMarto
Caro JDR Marto
Referente à "Tirada da fala" de cada grupo ou comunidade, apenas lhe posso indicar alguma bibliografia que penso não ser a mais esclarecedora. Mas, poderá ser um ponto de partida. Porém, também sei que existe uma série de tratados linguisticos que se referem às diversas áreas geograficas de Portugal (tenta o site da Biblioteca Nacional e faça uma pesquisa mais demorada).
Bibliografia com algum interesse:
-Artes da fala, Oeiras, Celta Editora, 1997.
-Ramos, Francisco, Tratado das alcunhas alentejanas, Colibri, 2002
Depois têm um manual de interesse etnográfico, onde poderá encontrar diversa informação bibliografica:
-Pereira, Benjamim, Bibliografia analitica.
Trata-se de uma pequena ajuda...se eventualmente necessitar de mais alguma coisa, diga, terei todo o gosto em responder.
Um abraço raiano
Caro Nelson,
certamente imaginará a satisfação com que frequento o seu blogue.
Agradeço a informação que me é dada anteriormente , pois talvez compreenda melhor aquilo que chamo grosseiramente tirar a fala, e passar essa retirada à geração seguinte. Trata-se mais do que uma suspensão provisória em alguns casos; em que fazer as pazes é retomar um jogo de regras em que o poder ou o motivo de conflito investiu dois ou mais interlocutores numa disputa. È muito simbólico.
ÀS vezes é um fenómeno de uma vida :A não falará com B toda a vida, se seguem no mesmo caminho, por exemplo, existe a indecisão de quem muda de de um lugar para o outro, ou insiste e passa ao lado. Provavelmente, esta não seja uma questão que me possa explicar, e até possa, mas o seus afazeres não lho permitem.
Passe sempre ao lado , nesse caso porque o que eu gosto mesmo é de vir aqui, e pensar com os meios que tenho disponíveis, o que me oferece a ver e a pensar. Muito obrigado. JDRMarto
Pois, talvez não tenha percebido o termo. Existem algumas teses de doutoramento que estão publicadas que referem em algum ponto a problemática das relações de vizinhança. Nomeadamente: Pina Cabral, Filhos de Adão, Filhos de Eva (tese efectuada na região do Minho);
Veja também o antropólogo José manuel Sobral.
Caso vislumbre alguma luz nas minhas inúmeras leituras, comunicar-lhe-ei de imediato!
O prazer é todo meu, disponha sempre!
Um abraço raiano
caro amigo,
abriu-me a possibilidade a outro interesse, o cruzamento de falas entre falares diferentes numa zona de migrantes, onde se arremedavam falares, se sobrecorrigia, se caricaturava a palavra exacta, se desprezava o outro.
»o corte de relações« ajudou-o, ajudando-me a mim próprio, muito mais .Bem haja por isso.
cordialmente . jdrmarto
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