domingo, novembro 18, 2007

A TODOS OS PASTORES



A vida de pastor, ao contrário do mais idílico que possa parecer, é uma vida dura, muito dura mesmo, repleta de muitas preocupações, principalmente na altura das parições. Altura em que o pastor mal têm tempo para repousar durante a noite, tal é a procupação em assistir os frágeis borregos acabados de nascer. É necessário "afilhar" os borregos, ou seja, coloca-los a mamar na respectiva teta da mãe. Contudo, o pastor guarda momentos de carinho mágicos para com estes pequenos animais, só ele sabe quem é quem, só ele decifra esta imensa beleza, só ele é capaz de verter lágrimas pelos seus queridos animais...

3 comentários:

Anónimo disse...

Muitos anos, muitos anos, mas mesmo muitos anos depois de deixar de ouvir e ver um rebanho insisti com o meu pai para que me levasse a casa de um amigo dele e assim eu visse um rebanho. O meu pai achara o pedido estapafúrdio, e lá arranjou motivo que justificasse a nossa ida, já que a minha insistência a seus olhos não tinha cabimento.
-ora essa ideia a tua pá !
Pensei que a seus olhos lhe parecia infantil, não íamos lá comprar nada , nem queijo nem borrego para festa , nada, dizia... Além disso, tinha estado com o amigo a comer caracóis no dia anterior.
Mas fomos à tardinha , estavam as ovelhas a chegar.
E a chegada dos vários rebanhos foi realmente impressionante, todas aquelas ovelhas a correr à procura das crias a berrar, e aqueles borregos a encontrarem as ovelhas-mães , impressionou-me muito, Era muito gado, mas havia ali um prodígio natural que comovia
E eu naturalmente comovi-me.

Anónimo disse...

Havia muitos anos, muitos anos, mesmo muitos anos depois,... que não via o e ouvia um rebanho, não falo de uma imagem bíblica num som de ervinhas, falo de rebanhos que saem das malhadas de acordo com estações e a elas regressam também de acordo com o sol e às vezes não, dos cÂes que se afeiçoam ao dono na ajuda, nos caminhos percorridos, nas trocas de pastagens por um borrego na Páscoa , no compromisso da degola primitivo, e da satisfação de ver decapitado , embolado pela cana , falo do ceptro do pastor bem tratado na cal e na água , o símbolo que significava cuidado , honra e negócio.
Mas falava eu que não via um rebanho, e então pedi a meu pai que fôssemos ver um rebanho de um seu amigo , ele achou o pedido estapafúrdio, até infantil, pensei eu. No dia anterior tinha estado com o amigo a comer caracóis , agora ia eu ver um rebanho.... Mas fomos, e assisti ao regresso dos rebanhos dispersosnas chegadas, e já não me lembrava do berreiro das mães correndo procurando as crias deixadas nas malhadsa, as crias procurando as mães e tudo se acertava. Isto explicar-se-ia de diversas formas eu sei ... mas era sem dúvida um prodígio da natureza , inexplicavelmente extraordinário , nunca o esquecerei. Agradeci ao meu pai muito , ele mal compreendeu , penso eu , ou fingisse.
E sabia tanto de beberragens para ovelhas aventadas, curar patas, tosquiar, enrolar velos de lã. Pergunto pelas diferenças geográficas do pastoreio entre o norte e osul ou outra zonas geográficas, pela história desta actividade, existe?
Bem-haja ! A fotografia é bonita. mas não é bíblica. Além disso as ovelha de Portugal pertenciam a outras raças, ou isso é irrelevante para o trabalho de um antrópologo. Os pasrores quase faziam parte da família, às vezes da família, fugiam de noite , quando vinham ser pastores, no outro dia só se percebia que tinham vindo matar a fome.
Aqui e tenho ascêndência de nascimento grosso modo em Azeitão, tratava-se tantas vezes de actividade complementar, não havia transumância, excepto uma vez, e eu foi nessa vez que guardo para sempre ter visto o mar. Fale-me mais do seu trabalho , é um prazer aqui vir. cordialmente.
PS O que estuda verdadeiramente? Se for indiscrição, passe à frente.

eddy disse...

Caro Amigo

Mais uma vez, bem hajas por partilhar aqui a sua experiência de vida em torno do labor do pastor. Relativamente ao meu trabalho e em jeito de sintese, neste momento e desde algum tempo estou profundamente envolvido no estudo e na valorização da temática pastoril no concelho de Idanha-a-Nova. Interessa-me sobretudo a vertente dos processos de patrimonialização. Porém, estou intimamente empenhado em aprofundar o conhecimento de outros territórios pastoris, nomeadamente a intensa e remota Beira Alta.

Ah, fala de Azeitão, um dia destes publicarei um excelente testemunho de um pastor que curiosamente conheci durante uma extraordinária caminhada numa das praias da dita região.

Um abraço raiano e volte sempre