terça-feira, novembro 27, 2007


Rosmaninhal, 2007


A aldeia do Rosmaninhal encerra um conjunto de práticas ligadas ao pastoreio de capital interesse. Trata-se de um território vincado pelas agruras climáticas mediterrânicas. Com frequência se encontram burros, éguas, machos, cavalos nas imensas propriedades, outrora douradas pelas searas de trigo. Por aqui, diz o povo, que até as pedras davam trigo. Hoje, tudo se alterou, ficaram as impressionantes marcas numa paisagem intensa e monótona. Porém, muitas das ancestrais práticas continuam a pautar os dias claros e límpidos desta remota aldeia. É o caso do tradicional pastoreio de percurso, geralmente feito a pé, mas que muitos não dispensam a preciosa ajuda do burro. Associado a esta prática tradicional de pastoreio um saber especializado foi-se desenvolvendo, apurando, decifrando. Quem nunca ouviu um "brado" de um pastor, um assobio fino e melódico, um palavrão direccionado, uma certeira pedrada, um baloiçar de cajado? Alguns desses chamamentos passaram de geração em geração, são formas arcaicas de uma linguagem entre o homem e o animal. Alfabetos esquecidos que a UNESCO considera uma urgência preservar. É precisamente isso que estamos a fazer!

1 comentário:

Anónimo disse...

meu caro amigo, começo a entendê-lo cada vez melhor.
As linguagens !!
cordialmente e não lhe dou os parabéns porque isso é coisa que não se faz, a si, merece mais, desculpe e deixe-me dizê-lo, a minha memória começa a »abrir-se»
j d r marto