(Fonte: SICD)
Em primeiro lugar quero destacar este tempo remoto onde a arte das gravuras - que tanto admiro - ocupavam admirávelmente o lugar da fotografia. Em segundo lugar referir que tinha ou sentia a necessidade remota de escrever, ilustrar, apresentar, imaginar, arquitectar, fantasiar neste espaço virtual algumas linhas inteiramente dedicadas às denominadas BESTAS, pois uma das primordiais ideias implicitas na construção deste blogue foi precisamente perscutar os espaços a eles confinados dentro das ditas casas rurais. Deste modo, estes interessantes animais que outrora preenchiam um espaço de capital importância na vida das populações deste país ( embora em alguns casos, já muito pontualmente, ainda continuem a preencher em pleno as funções ancestrais ), encontram-se em vias de desaparecer para todo o sempre e com eles todas as suas práticas e funcionalidades. Deste célebre conjunto, cavalo,macho, mula e burro, este último talvez seja o que mais se têm destacado, pois beneficiou - e muito bem - de um conjunto de medidas no sentido de o proteger da sua total extinção do território nacional. Em alguns casos inserindo-se com relativa facilidade nos mesmos parâmetros de salvaguarda dos campos tão vastos dos patrimónios e com base em semelhantes activações começou mesmo a preencher novas funcionalidades ligadas a fins lúdicos, turisticos e terapeuticos. Aparecendo deste modo reinventado em inúmeras feiras encenadas, percursos de outrora, festas e tradicionais desfiles. Assim sendo temos o fim das funcionalidades ancestrais ligadas ao burro (trabalho, carga, ritualidades) e o (re)surgimento deste enquanto activação patrimonial, ou seja, enquanto memória colectiva e identidade ligada aos campos. Vale a pena questionar estas novas configurações patrimoniais...