RETIRO (ESPIRITUAL)

um retiro espiritual de uma semana. livros e livros e livros para ler. regresso brevemente.

ARQUITECTURAS TRADICIONAIS: MONSANTO

(monsanto, 2009)

impõe-se-nos esta robutez do granito das casas de monsanto. tem algo de supra-humano, talvez uma conotação excessiva para este tempo dominado pelo visivel e pelo material. não tenho dúvidas deste lugar em tempos exercer um forte magnetismo transcendental para quem o avistava ao longe na paisagem. tal como o monte dos deuses, esse Olimpo esquecido. no entanto, o paradoxo é tal que se aproximarmos as escalas de observação e penetramos no âmago das suas ruas e das habitações, de imadiato nos apercebemos da mais rude e da mais simples das vivências humanas. a nudeza do granito invade-nos e está por todos os lados. são casas extremamente escuras, com poucas ou nenhumas aberturas, onde a luz natural apenas fere algumas arestas mais salientes. daí, preservarem a frescura no verão e o calor do lume no inverno. o espaço dos animais de capoeira já não convive com o restante da casa. neste espaço inferior, ainda convivem as alfaias agricolas o pequeno celeiro e a tradicional adega. como tenho referido amiúde aqui, uma casa tradicional supõe sempre um conjunto de opções pessoais, de escolhas em deterimento de outras, como tal, aporta criatividade e formas de conhecimento. trata-se de um elemento com uma carga identitária fortíssima, daí constituir-se na sua plenitude como um "texto", um "documento" para o conhecimento aprofundado do ser humano.

LISBOA: CELEBRAÇÃO DA CULTURA PASTORIL

o destaque vai para o dia 1 de julho com a apresentação do projecto "Translana" do Museu dos Lanificios da Covilhã no padrão dos descobrimentos (lisboa). no dia 2 de julho uma conferencia de igual importancia:"TRANSUMÂNCIA – da Tradição à Modernidade”, com antropólogo Fernando Faria Paulino.

(o programa completo)

UM CESTEIRO...

(famalicão (serra da estrela), 2005)

caderno de campo nº4, 6 de junho de 2005, 16: 30: "paramos em famalicão. numa das ruas estão umas mulheres a dobar, utilizam o andarilho. sobre esta peça dizem-nos "que dá jeito, escusa uma pessoa de estar a segurar no fio". mais à frente encontramos uma porta aberta de uma loja de uma das casas tradicionais, entramos. lá dentro estão alguns cestos pendurados. vem uma mulher e um homem e diz-nos que é cesteiro. convida-nos a ver a sua oficina. pergunto como se chama: soletra o seu nome devagar António Augusto Venâncio. entretanto, foi nos mostrando as suas ferramentas e os seus cestos. indica-nos um utensilio que diz ser muito antigo "este banco de alisar a madeira já tem muitos anos". como matéria-prima utiliza o vime e o castanho. diz-nos ainda que na aldeia também vive um homem que empalha garrafões de vinho e outro que faz bonecos de madeira de castanho. aponta para um dos cestos e diz "estes eram para as batatas, estes eram para as vindimas, este é o da mulher ir à praça". começou aos 10 anos, aprendeu com o seu pai e andou por diversas aldeias a vender cestos. no fim despedimo-nos e compramos um cesto".

(daniel freytag)

funeral

súbitos cristais de água

na combustão da alma

altos dedos de cinza

na construção da grande noite do cipreste

opaca madeira de urna

de todos os fins

BARBARIE...

Pledge to go fur-free at PETA.org.


um aviso, se for sensivel não veja este horrivel, hediondo, macabro filme...

um horror animais esfolados vivos!!!

manifestem-se. AQUI

CELEBRAÇÕES SOLSTICIAIS. O S. JOÃO DO ROSMANINHAL

(eddy, 2008)

celebra-se amanhã a admirável noite de s. joão na aldeia do rosmaninhal. trata-se de uma festividade repleta de elementos mágicos: o fogo, a queima de ervas aromáticas (rosmaninho), as propriedades curativas da água nesta noite, etc. nesta aldeia, tal como no concelho, esta celebração assume-se como a mais popular, a mais participativa, aquela que consegue congregar uma euforia quase dionisiaca. os cavalos, éguas e burros pautam as ruas. a comensalidade em torno da carne de ovelha é estrutural. esta celebração colectiva não tem par em todo o calendário festivo anual.

CELEBRAÇÕES SOLSTICIAIS

(eddy, 2009)

eis o solsticio de verão e toda a sua plenitude solar

escancarem as mentes & deixem fluir toda a energia cósmica

embriaguem-se de vida...

MUSEU DA ACRÓPOLE

(foto el pais)

foi inaugurado recentemente o novo museu da acrópole (grécia-atenas). pela representação simbólica deste lugar mitico e pela volumetria desta espantosa arquitectura, este será sem duvida um lugar basilar na geografia museológica.

Make The Girl Dance "Baby Baby Baby" ( official video )
by placeblancherec

belo e original...

"REVIVALISMOS"

sou um amante destas girigonças. tenho três exemplares notáveis. tenho um requintado ouvido para a cadência destes alfabetos mecânicos letrados. fazer a história da máquina de escrever é penetrar no âmago das sociedades letradas. daria concerteza um catálogo fabuloso...

(eddy, 2008)

algures "on the road"...

"segundo uma lenda antiga, o rei midas perseguiu na floresta o velho sileno, companheiro de diónisos, e durante muito tempo sem poder alcançá-lo. quando conseguiu, por fim, apoderar-se dele, o rei perguntou-lhe qual era a coisa que o homem deveria preferir a tudo e considerar sem par. imóvel e obstinado, o demónio não respondia. até que, por fim, coagido pelo vencedor, desatou a rir e proferiu as seguintes palavras: "raça efemera e miserável, filha do acaso eda dor! e tu, porque me obrigas a revelar-te o que mais te valeria ignorar? o que tu deverias preferir nãao o podes escolher: é não teres nascido, não seres, seres nada."

in F. Nietzsche, A origem da tragedia, p. 46.

Coloquio "Arqueologia e Geologia em Rodão"

(recebi e divulgo)

ANALOGISMOS...

quando se revela algo temos sempre que contar com uma multiplicidade de pontos de vista diferentes. é importante o lado e a perspectiva de cada "olhar". neste caso concreto, coloco-me do lado de quem vê um conjunto paisagístico semelhante a uma parte do corpo feminino. estou a referir-me aos lábios...qual deles?....

INVASORES DOS MUNDOS VERDES

uma ironia fabulosa a deste cartaz relacionado com um projecto eco: "oro verde". afinal a galactica (ou melhor terrena) guerra dos mundos já começou há muito e os ditos invasores que adoram o deus-dinheiro já praticamente destruiram a maioria dos mundos vegetais virgens.

BELGAIS. O FIM DE UM SONHO

será possivel que um projecto cultural desta dimensão e com um impacto admirável para o distrito de castelo branco tenha culminado neste trágico episódio: "no arresto de bens!!!???"

A ÁGUA COMO PATRIMÓNIO

(Penha Garcia, 2009)

a água é talvez um dos recursos naturais mais preciosos que a humanidade tem ao longo de milénios sabido preservar. principalmente nas sociedades onde ela não abunda, como nas sociedades ditas mediterrânicas. associado a ela estão um sem número de tecnologias tradicionais. quanto a mim este é um dos legados mais importantes deixados pelos nossos antepassados. estas tipologias tradicionais ligadas à gestão da água (fontes, poços, canais de rega) tal como os instrumentos tradicionais de elevar a água (noras, picotas, moinhos, etc) constituem uma clara demonstração de como as gerações anteriores regeram esta fonte natural indispensável à existência e ao desenvolvimento das sociedades. daí, toda esta herança cultural ser capital para (re)pensar este mundo moderno onde cada vez mais a gestão deste precioso bem é colocado em causa.

O GRANDE MISTÉRIO DO TÚNEL DO FARAÓ

é o proprio director do concelho superior das antiguidades do egipto, o arqueologo Zahi Hawass, que nos narra a viagem desta alucinante descoberta. e ainda está no inicio...

"porque a vida ri-se das previsões e põe palavras onde imaginamos silêncios, e subditos regressos quando pensamos que não voltariamos a encontrar-nos."

Saramago, A viagem do elefante, p. 34.

EROTISMO vs MORTE

(phillip dvorak)

enquanto seres descontinuos que somos procuramos sempre a continuidade para além de nós mesmos. não aguentamos o isolamento total do ser. temos que nos rever nessa continuidade infinita. por isso o erotismo se assemelha tanto à morte. tal como refere G. Bataille, "existe uma relação entre a morte e a excitação sexual". pois a propria nudez já constitui em si uma abertura da descontinuidade à continuidade: "um estado de comunicação que revela a procura duma possivel continuidade do ser para lá do isolamento a que cada um de nada está votado".

(...) o desnudamento, visto pelas civilizações em que conserva o pleno sentido, é, se não simulacro pelo menos uma equivalência sem gravidade da morte violenta"...

bibliografia

Bataille, G. (1957) L' erotisme, Les Editions de Minuit.

COLÓQUIO "MEMÓRIA E HISTÓRIA LOCAL"

(IDANHA-A-NOVA)

UM OLHAR SOBRE A ESCARPA DE IDANHA-A-NOVA

(eddy, 2009)

um final de tarde de maio e a imponente escarpa reflectia uma admirável curta metragem.

MEDELIM: ALDEIA DOS BALCÕES

(medelim, 2008)

retomo o tema da arquitectura tradicional. desta vez em torno de uma aldeia com um conjunto de elementos arquitectónicos que dão alguma expressão singular ao conjunto habitacional, são os denominados balcões. tratam-se de elementos arquitectónicos anexos à entrada principal das casas, que dão acesso à porta principal (piso superior) assim como ao dos animais e arrumos (piso inferior). o conjunto do balcão completa-se com um alpendre em madeira que protege a entrada da casa (piso superior). neste espaço secavam-se também algumas leguminosas e frutos (feijão, favas, figos, amendoas, etc). na actualidade, na grande maioria das casas que comportam este piso inferior outrora dedicado à criação de animais de capoeira e a arrumos, este está desactivado ou foi aproveitado como outra divisão da casa. são as necessidades actuais que impõem a funcionalidade à casa. pois é preciso compreender que a arquitectura tradicional é isto mesmo, um conjunto de respostas às necessidades fisicas e sociais de um colectivo. desta conjuntura derivam as tecnicas construtivas, a estetitização dos espaços, etc. daí que devemos olhar para estas singularidades como conjuntos diversificados de multiplas opções. pois nem todos os balcões são iguais, alguns comportam mesmo outros elementos que os embelezam e os diferenciam do restante conjunto. este lado estético, esta diferença espelha de igual modo, tal como o conjunto por inteiro das casas, essa diversidade interna da estrutura social e economica do colectivo. daí que dentro desta aldeia conhecida como "a dos balcões" possamos também ver a diversidade associada a estes mesmos balcões.

DA ANCESTRALIDADE DOS LUGARES

(oledo, 2008.)

passam desprecebidas estas linguagens remotas dos quotidianos dos lugares. em silêncio atravessam as ruas vazias e enlutadas das aldeias, são estes os verdadeiros construtores dos séculos. é a eles quem devemos todas as honras, todos os nomes das ruas. ainda assim dúvidamos e em nenhuma se inscreve o seu árduo alfabeto. apenas esquecimento e mãos cheias de nada. hoje este pastor e o seu pequeno exército tornaram a passar e com eles o mesmo pautar dos séculos que nunca se inscrevem nos livros. levantou uma das mãos vazias e acenou-me com o mundo. o verdadeiro mundo.

DANIEL FARIA

faz dez anos que este poeta-monge desapareceu, tinha apenas 28 anos.

uma memória...

"explicação do poeta"

pousa devagar a enxada sobre o ombro

já cavou muito silêncio

como brilha o punhal em suas costas

a lâmina contra o cansaço

(Daniel Faria, Poesia, p. 101)

coloquio internacional

património e desenvolvimento

(eddy, 2009)

..este é o dia de todos os dias...

celebro-me...

(...) apesar de tudo

continuamos a repetir os mesmos gestos e a beber

a serenidade da seiva - vamos pela febre

dos cedros acima - até que tocamos o místico

arbusto estelar

e

o mistério da luz fustiga-nos os olhos

numa euforia torrencial

in al berto, "vestigios", O Medo.

NOTICIAS

noticia interessante no jornal Publico sobre este Cristo crucificado, teria sido uma obra de miguel angelo?

ARQUITECTURAS TRADICIONAIS: POMBAIS

salvaterra do extremo, 2009.

 um vestigio daquilo que seria um pombal tradicional. tenho aqui documentado uma série destas tipologias ligadas aos respectivos territórios. sobres estes, convém ainda dizer que o seu fim está também ligado ao abandono progressivo dos campos e do seus respectivos cultivos, pois para além da gastronomia ligada aos pombos e borrachos, dos pombais provinha de igual modo um estrume de excelente qualidade.

O FIM DAS TABERNAS...

(zebreira, taberna do ti freixo, 2008)

mais uma antiga taberna que encerrou as suas tradicionais portas. esta era a taberna do ti freixo e ficava localizada numa rua solarenga da vila da zebreira (idanha-a-nova). lembro-me de ter conversado com o ti freixo e com a sua mulher já falecida. ouvi algumas histórias sobre este tradicional espaço de convivio. achei interessante o seu interior, aqueles dois bancos corridos, a tampa do balcão em mármore com as marcas do tempo, os calendários, uma pequena bandeira de portugal, a argola no tecto para desmanchar o porco, o estrado da braseira. enfim, apaga-se toda uma memória de um dos espaços mais importantes de uma aldeia. é a voracidade do tempo.

CARTAS DE PAPEL

(yimmys yayo)

a carta tem adjacente um valor simbolico extremamente forte. parece que encerra a individualidade de onde provém, daí as guardarmos em caixas ou em gavetas que nunca mais se voltam a abrir. queimar uma carta remete-nos para esse campo simbolico, essa ritualidade quase sagrada. 

ASTRONOMIAS...

como estamos em plena celebração das astronomias, esta exposição na BN não podia ser mais pertinente...visite-se

MUSEU DA CIÊNCIA: I WORKSHOP INTRODUÇÃO AO INVENTÁRIO E CONSERVAÇÃO DE INSTRUMENTOS CIENTIFICOS E DE MEDICINA

um exercicio-formação interessante: PROGRAMA

(terminam hoje as inscrições)